Messi e o drama da perfeição
A inesperada eleição de Messi como melhor jogador do mundo pela oitava vez causou constrangimento na cerimónia da FIFA, logo desfeito pelo sentido de humor de Thierry Henry que, perante a ausência dos nomeados, perguntou se podia ele ficar com o troféu. Numa semana em que até foi celebrado o dia internacional do riso, o caso mostrou que o humor é útil para amenizar as situações mais tensas.
O riso reduz o stresse e tem efeitos positivos gerais sobre a saúde. Pode influenciar o desempenho, a recuperação e o bem-estar geral dos atletas, sendo utilizado para reforçar a coesão do grupo e para regular as relações de poder. Alguns estudos evidenciam que os treinadores e jogadores podem
O RISO INFLUENCIA O DESEMPENHO, A RECUPERAÇÃO E O BEM-ESTAR DOS ATLETAS
usar o humor para coagir aqueles que se afastam das normas ou as hierarquias ou a subcultura do grupo.
No desporto atual, a pressão constante pela procura dos melhores, da perfeição e dos desempenhos excecionais (saltar mais alto, correr mais rápido, marcar mais golos), conduziu a uma situação em que o riso e a alegria foram substituídos pela ansiedade e pelo drama. Agora, o ambiente festivo apenas é tolerado nos grupos de apoio que, ainda assim, devem ser disciplinados, ou mesmo coreografados.
O riso e a diversão global gerados com a eleição de Lionel Messi resultam da perceção da incongruência na avaliação dos resultados desportivos, e pré-denunciam a imperfeição de um processo que contraria a expectativa de justiça no reconhecimento do mérito.