HERÓI SEM CAPA VOA DUAS VEZES
Num jogo sem muitas chances claras, Jhonatan brilhou ao defender um penálti e a recarga
Uma história, para ser bem contada, não pode começar pelo fim, mas, olhando às circunstâncias, é impossível não virar a narrativa do avesso e arrancar pelo minuto 90’, o momento que selou um anunciado nulo entre Chaves e Rio Ave. Não só porque foi aí que emergiu o herói Jhonatan, decisivo ao travar um penálti e a recarga, mas porque esse duplo lance resume de forma perfeita os 98 minutos em que as duas equipas estiveram em campo a esgrimir argumentos. Muitas tentativas, algumas ameaças concretas, mas, tudo espremido, zero sumo. Foi uma noite não para os dois conjuntos, evidenciada pelos falhanços constantes na definição. Pode discutir-se se o golo a acabar não seria justo para os flavienses pelo que produziram na maioria do encontro, mas o desacerto gritante torna difícil essa conclusão.
Os da casa entraram melhor, isso é indiscutível. Sedentos de voltar a sorrir, algo que não acontece desde dezembro, os transmontanos começaram galvanizados e conseguiram 45’ de maior domínio, como provam os sete remates contra dois e os oito cantos contra... zero! Porém, por muita dinâmica que a novidade do 3-4-3 tenha permitido, em termos práticos a diferença de chances claras não foi assim tão vincada. Nota apenas para dois lances em que Héctor surgiu com perigo, um deles travado numa grande defesa de... Jhonatan, contra um cabeceamento perigoso de Leonardo Ruiz.
O Rio Ave, em contrapartida, demorou a entrar, mas assim que assentou o jogo a meio-campo, equilibrou a balança. Na segunda parte isso viu-se de forma mais clara, mas o final podia ter sido amargo. O penálti cavado por Héctor fez tremer os vila-condenses, mas durante pouco tempo, já que o herói Jhonatan voou duas vezes e salvou o ponto. *