Record (Portugal)

Não vale tudo

- PAIXÃO PRAGMÁTICA Mauro Xavier Gestor

Esta semana, planeava escrever sobre a final four da Taça da Liga de futebol. Infelizmen­te, esse plano foi descarrila­do pela final da competição homónima no futsal, onde assistimos a um dos mais vergonhoso­s episódios da história recente do desporto em Portugal.

Com menos de 2 minutos para disputar,

Taynan, jogador do Sporting, corta um perigoso lance de contra-ataque da equipa do Benfica. O cenário até pode parecer normal para um leitor que não tenha visto a jogada em questão, mas convém esclarecer um ponto: Taynan encontrava-se fora do jogo e decidiu saltar do banco de suplentes para evitar que o Benfica tivesse a oportunida­de de empatar a partida.

Seria de esperar que Taynan, que já em 2022 foi suspenso

por 15 jogos por agredir um árbitro, fosse severament­e castigado. Em vez disso, o jogador recebeu um cartão amarelo (embora as regras sejam claras: o atleta do Sporting deveria, no mínimo, ter sido expulso). Se um adepto tentar entrar na quadra, é banido de recintos desportivo­s durante alguns anos. Já quando é um atleta a fazê-lo, o castigo passa a ser um cartão amarelo. Como se tal não bastasse, o jogador ainda foi distinguid­o com o prémio de melhor jogador da final, sendo escolhido para falar ao Canal 11 no final da partida. Será que a Federação acha que pode gozar com os atletas e adeptos do maior clube de Portugal?

Curiosamen­te, desta vez o presidente do Sporting,

ASSISTIMOS A UM DOS MAIS VERGONHOSO­S EPISÓDIOS DA HISTÓRIA RECENTE DO DESPORTO

que tanto gosta de passar por paladino da moral e dos bons costumes, ainda não teve tempo para emitir um dos seus célebres comunicado­s. Será que não assistiu ao jogo? Será que está sem acesso à internet? Parece que o fair play e o respeito pela verdade desportiva só interessam quando não é o Sporting a ser beneficiad­o. Em 2023, venceram o campeonato com um jogador dopado em campo. Em 2024, conquistam a Taça da Liga graças ao contributo de um suplente que entra dentro de campo. Eis a hipocrisia daqueles que acreditam que vale tudo para ganhar.

Voltando ao futebol, que era suposto ser o assunto

desta crónica: embora a Taça da Liga seja o menos prioritári­o dos troféus, o Benfica entra sempre em campo para ganhar. Com um calendário difícil pela frente, esta é a ocasião perfeita para Roger Schmidt rodar a equipa e criar novas rotinas entre os jogadores, mantendo a tendência vitoriosa das últimas partidas. Que seja o primeiro de muitos troféus em 2024!

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