Os apertos de AVB
O discurso de 31 minutos de AVB arrancou, não por acaso, com uma citação de Pedroto (“A história não é benovolente com quem se mantém refém do passado”). Mas as passagens com mais substrato informativo foram as de três situações que “podem hipotecar” o futuro. A primeiratem a ver com a decisão de construir o centro de formação na Maia. O presidente da autarquia já disse que terá de haver uma hasta pública para aquisição dos terrenos públicos e que alguns são particulares, pelo que terá de haver negociação com os proprietários. Mas Pinto da Costa disse que não há volta a dar e que a obra avançará. Resta saber se tudo se resolverá em três meses, porque AVB diz ter terrenos próximos do Olival. A segunda apreensão é com a venda de 30% da Porto Comercial à Sixth Street/Legends. O encaixe poderia ser utilizado para cumprir a promessa de ajudar a anular ou a abater significativamente os capitais próprios negativos (que são de 216M€ no total, 175M€ dos quais relativos à SAD). Por não se tratarem de bens imobiliários, os estatutos não obrigam à aprovação dos sócios, mas AVB questionou a ética dada a proximidade das eleições. Situação mais complicada tem a ver com a propriedade do Dragão. Que pertencia maioritariamente ao clube, através da EuroAntas. Mas a SAD injetou nesta participada 30M€ (que logo recuperou através da utilização de instrumentos financeiros e da cobrança de uma dívida ao clube), o que lhe permitiu aumentar a sua dotação financeira de 47 para cerca de 60%. Agora, deverá solicitar uma reavaliação do valor, que poderá aumentar significativamente. A confirmar-se, isso permitiria abater também nos capitais próprios negativos. Este expediente de recorrer à alta engenharia financeira não traz qualquer encaixe financeiro nem abate do passivo, mas poderá gerar ganhos nos capitais próprios. Mas 175M€ são 175M€ e o estádio passa a não pertencer maioritariamente ao clube… Angelino Ferreira alertou para o perigo na tristemente célebre AG.