Record (Portugal)

Pinto a cantar de galo

- HORA DO CHÁ Eládio Paramés

çSempre que Tiago Pinto prestava declaraçõe­s , o discurso, invariavel­mente, era: “eu fiz”, “eu poupei”, “eu contratei”, “eu fiz a Roma crescer”. Nunca gostei, por ser um discurso que nem sempre tinha a ver com a realidade do clube. Vamos lá pôr os ‘pintos’ nos ‘is’.

É certo que chegou à Roma

sem ter sido Diretor Geral ou Desportivo no Benfica e de nunca ter tido responsabi­lidades nas contrataçõ­es, acertou, porém, em cheio ao convencer José Mourinho a ir para a capital italiana. E, foi Mourinho, e não Pinto, quem deu uma nova alma ao clube e aos seus adeptos. A lotação do estádio começou a esgotar – 49 vezes seguidas houve ‘sold out’! – mais de 3 milhões assistiram aos jogos da Roma; os bilhetes de época tiveram cresciment­o astronómic­o, apesar de os resultados não terem sido senpre positivos.

Apesar da fragilidad­e da equipa,

Mou deu à Roma aquilo que lhe escapava há mais de 60 anos – um título europeu! E só não lhe deu um segundo porque um árbitro ‘roubou’ descaradam­ente a equipa em Budapeste. A Roma voltou a estar nas bocas do Mundo. E o treinador deu-lhe ainda estrelas hoje adoradas, como Lukaku e Dybala.

Pinto, ao invés, deixou sair Dzeko, Juan Jesus, Mkhitaryan ou Veretout.

Mas nunca contratou ninguém? Não, trouxe os magníficos Solbakken, Ndicka ou Aouar. E, neste mercado de inverno, sem dinheiro nem imaginação, arranjou por empréstimo um central de 18 anos que cometeu o penálti que ditou a derrota na Taça de Itália.

Recentemen­te, demitiu-se

e deixou o treinador de então sozinho. “Foram dias tristes” – foi a única declaração que fez sobre o despedimen­to de Mou. Dias tão tristes que o levaram a continuar a trabalhar no clube porque, agora, parece que já há dinheiro. E Pinto voltará a ‘cantar de galo’.

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