O passado, presente e futuro da Allianz Cup
A discussão sobre o futuro da Allianz Cup exige, antes de tudo, um regresso aos fundamentos da sua criação em 2007: a) desportivamente preencher um vazio de calendário - num contexto de duas Ligas com 16 equipas – e potenciar mais oportunidades competitivas para jovens na equipa principal, num período sem equipas B nem Liga Revelação; b) criar uma nova fonte de receitas para os clubes, associada a um mecanismo de distribuição solidário entre 1ª e 2ª Liga.
A evolução dos campeonatos para 18 clubes,
o crescimento desmedido do calendário internacional (de clubes e seleções), uma instabilidade constante do formato competitivo e algum desdém por parte de algumas equipas, colocou a competição em 2016 perante a real possibilidade de extinção.
O modelo em vigor nas últimas 8 épocas
– fase a eliminar + fase de grupos + Final Four – para lá de tudo o que de inovador e disruptivo acrescentou na vertente do negócio, tem como principal mérito a afirmação desta competição junto de clubes e adeptos, treinadores e jogadores!
Chegados a 2024 muitas são novamente as interrogações
sobre o caminho que a Allianz Cup deve seguir, conjugando sempre as premissas que serviram de base à sua criação, o posicionamento e o valor construído nos últimos anos bem como o contexto internacional atual.
Como manter um espaço para esta prova,
num cenário insustentável de compressão dos calendários domésticos e de tendência de expansão das competições continentais e internacionais? Como conjugar a obrigatoriedade de reduzir datas para as equipas com participação nas competições europeias com a necessidade de oferecer mais espaço competitivo a equipas com uma média de jogos anual muitíssimo mais reduzida? Preferem os clubes (da 1ª e 2ª Liga) abdicar da participação das equipas em competições europeias – e da quebra de receita que isso originará – para poderem ter mais espaço para competirem ou priorizam os valores financeiros mesmo que isso exija
A SUSTENTABILIDADE DESTA TAÇA PASSARÁ PELA SUA REALIZAÇÃO FORA DE PORTUGAL?
a sua não participação na competição? Se a vertente financeira, que se relembre foi uma das premissas para a criação da Allianz Cup, for priorizada, qual a estratégia para conseguir aumentar receita dentro deste novo ciclo UEFA pós-2024? Será ou não inevitável, neste novo quadro, que a sustentabilidade da Allianz Cup passe pela sua realização fora de Portugal? E já agora, qual o valor pelo qual os clubes participantes estarão disponíveis para viajar além-fronteiras, tendo em consideração todos os impactos, nomeadamente o da vertente desportivas? Last but not least como manter o adepto e o respeito pela sua paixão dentro desta equação?
Só o futuro responderá a estas perguntas,
na certeza, porém, que a decisão final estará, como sempre, na mão dos clubes!