O nosso submarino amarelo
O modesto 15.º lugar no campeonato contraria a tendência que se avivou com a chegada de Vasco Seabra ao comando técnico dos canarinhos. O Estoril, com um modelo e uma ideia de jogo audazes, é das equipas que melhor futebol pratica em 2023/24, e a chegada à final de Leiria, depois de duplo triunfo ante o FC Porto para o campeonato e para a Taça da Liga, é um prémio ao arrojo. É certo que o Benfica produziu um caudal ofensivo significativo, suficiente para não deixar a resolução cair para o perigoso desempate desde os onze metros, mas ficou mais uma vez óbvio, na sequência de 8 triunfos consecutivos, que Roger Schmidt abordou a partida com alguma displicência, extraindo muito pouco das pugentes derrotas da formação da Linha diante do Sporting (1-5, Liga) e FC Porto (0-4, Taça). Até porque Seabra, ao contrário de Artur Jorge, não se apartou da sua rota, mas foi perspicaz ao posicionar Vital no centro da defesa, para comandar a última linha, desviando Mangala, desastroso nos últimos jogos como central pelo meio, para o centro-esquerda. O que afiançou um melhor controlo da profundidade ante a inexplicável aposta em Musa como titular. Mas, acima de tudo, o que distingue este Estoril é a personalidade com bola. Tanto na metamorfose da transição ofensiva em contragolpes, fruindo da acutilância dos seus alas Rodrigo Gomes, Tiago Araújo e Pina, e da forma como estes combinam com o tridente da frente, com Rafik Guitane novamente em registo superlativo, como também em ataque posicional, já que Mateus Fernandes, Holsgrove e Koba Koindredi, três opções de inequívoca qualidade para dois lugares, não se escondem, e combinam com enorme fluidez com os avançados-interiores – Guitane e João Marques, principalmente – e com os alas.