Uma final improvável

As teorias da evolução surgiram afirmando que os seres vivos sofreram modificações no decorrer dos anos. A mais conhecida é a de Charles Darwin. De acordo com esta, nenhuma espécie é imutável, todas se alteram ao longo de muito tempo. Tempo a mais, na verdade. Quando a analisamos ao detalhe, percebemos que essa transformação demora milénios. Mas os jogadores do Estoril provaram que essa teoria está errada, ou pelo menos incompleta. Pode-se também evoluir rapidamente, ou seja, apenas num jogo de futebol. Até porque quando lemos Darwin, ficamos cansados de esperar pelo largo período que estas mutações demoram a acontecer. Assim, numa nova teoria, a evolução acontece em 90 minutos e 5 penáltis, e o herói improvável é Bernardo Vital, mais Guitane, Daniel Figuera e todos os demais.

Independentemente do desfecho,

o Estoril cedo mereceu elogios. Eliminar o Benfica e o FC Porto na mesma prova, não está ao alcance de muitos. Esta Taça da Liga assume, pela primeira vez na sua curta existência, o papel de um evento para todos, dos mais anónimos, dos mais inesperáveis. Atinge o nível de uma competição inclusiva e diversificada. Aquela que mais parecia ser somente uma prova para a elite, com a eliminação dos ditos grandes, tornou- se noutra prova para toda a gente. A Liga e Proença viram assim a consagração de uma competição porque, por infortúnio de alguns, ela afinal é acessível e transversal. Não haverá melhor exemplo para justificar o ditado popular, “Quem espera sempre alcança “. A Liga consegue assim dar à sua outra competição a consagração desejada. Proença trouxe a estabilidade, o rigor e a prosperidade a uma prova que se adivinhava fracassada. Se a Taça de Portugal é a festa dos portugueses, esta bem pode apelidar-se da Taça do Povo.