Record (Portugal)

Racismo e intolerânc­ia: da sociedade para o desporto

TODAS AS PROPOSTAS DE QUADRANTES POLÍTICOS RACISTAS, XENÓFOBOS E QUE ASSENTAM A SUA ESTRATÉGIA NO DIVISIONIS­MO E NA MENTIRA, DEVEM SER COMBATIDAS PELA SOCIEDADE E DESPORTO, A UMA SÓ VOZ

- Joaquim Evangelist­a Presidente da direção do SJPF

LOGRAMOS COMPETIR COM POTÊNCIAS MAIS CAPACITADA­S DEVIDO À DIVERSIDAD­E CULTURAL

Uma das temáticas que mais interliga o que se passa na sociedade e o desporto é a discrimina­ção racial e a xenofobia. A proposta do presidente da FIFA para sancionar com a derrota as equipas cujos adeptos promovam comportame­ntos racistas parece cada vez menos descabida perante o sentimento de impotência no combate ao fenómeno e a crescente intolerânc­ia que prolifera através da desinforma­ção nas redes sociais. Aleada à falta de formação cívica dos jovens torna-se um autêntico barril de pólvora.

A legislação desportiva em matéria de prevenção e combate

a comportame­ntos racistas ou xenófobos, tal como no caso violência, dá-nos algumas ferramenta­s importante­s que, no entanto, parecem sempre escassas na vastidão das manifestaç­ões de intolerânc­ia. Quero, por isso, dar o meu contributo, numa altura em que caminhamos para a eleição de um novo governo em Portugal, uti- lizando o futebol como um exemplo do papel inestimáve­l que os muitos atletas vindos das mais diversas paragens dão para o desenvolvi­mento e valorizaçã­o da modalidade e para a sua sustentabi­lidade, desde a base até ao topo da pirâmide. A diversidad­e cultural e promoção do talento fazem-nos competir com potências muito mais capacitada­s finan- ceiramente. Os nossos jogadores vindos do Brasil, dos Palop ou dos mais diversos lugares do mundo fazem parte integrante da nossa cultura desportiva e cada ato racista ou xe- nófobo é um ataque a esse legado. Dito isto, quaisquer propostas de quadrantes políticos racistas, xenófobos e que assentam a sua estratégia no divisionis­mo e na mentira, devem ser combatidas pela sociedade e pelo desporto, a uma só voz.

Aproveito também a ocasião para manifestar a minha preocupaçã­o

com a forma como o nosso país continua a não saber acolher devidament­e a emigração de que tanto precisa, nem defender eficazment­e as vítimas de abandono, exploração e tráfico. Tenho conhecimen­to de que a transição do SEF para a AIMA deixou algumas investigaç­ões criminais no futebol em suspenso, com os inspetores dedicados às diligência­s em curso a serem integrados noutras funções, com muita incerteza quanto aos próximos passos. Num país com pouca celeridade na Justiça trata-se de uma situação preocupant­e e que exige uma resposta rápida dos decisores políticos.

Termino com uma homenagem à equipa do Benfica

apurada pela primeira vez na história para os quartos de final da Champions Feminina. Mais um passo que demonstra que o futebol feminino só terá as barreiras que lhe quisermos impor e um convite a que mais equipas invistam na modalidade.

Finalmente, no momento em que escrevo

ainda não é conhecido o vencedor da Taça da Liga. Deixo, por isso, ao Sp. Braga e ao Estoril os parabéns pelo percurso, duas equipas que têm feito um extraordin­ário trabalho desde a formação e merecem todo o sucesso.

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