Record (Portugal)

Depois do ‘Apito Dourado’

A DONA JUSTIÇA RESOLVEU ARREGAÇAR AS MANGAS AO PONTO DE CHAFURDAR NA MAIS PROFUNDA LATRINA A CÉU ABERTO. NA CIDADE DO PORTO

- Octávio Ribeiro Jornalista

Se a Justiça em Portugal não fosse um conjunto imenso de pessoas, cada qual com saberes e sentires próprios, dir-se-ia que a Dona Justiça acordou um dia e decidiu que ia fazer uma limpeza geral à nossa casa comum. Começou pela política, das estantes recheadas a notas, em São Bento; até à enxurrada que tudo agita na Madeira. Energética como se sentia, resolveu arregaçar as mangas ao ponto de chafurdar na mais profunda latrina a céu aberto. Na cidade do Porto.

O que vimos ontem na CMTV e nas antenas replicante­s

é uma lufada de ar fresco no que somos e queremos continuar a ser: um Estado de Direito que não teme impor as suas leis e valores em qualquer centímetro quadrado do território nacional.

Há quantos anos a Justiça,

a tal senhora que agora acordou cheia de pensamento positivo, já deveria ter promovido uma limpeza na mais nobre cidade do País? Há muitos. Mas a boa ação nunca chega tarde. É sempre melhor do que nunca.

Em Lisboa, já houve fenómenos complicadí­ssimos

em tor- no de cabecilhas de claques e dos seus perversos conluios com líderes de clubes. Basta lembrar a relação entre um fa- migerado presidente do Sporting e os principais agitadores da sua claque mais ruidosa.

A coisa acabou com uma invasão

do espaço reservado aos jogadores. Muita violência e acusações que chegaram ao crime de terrorismo. O novo presidente do Sporting teve a coragem de afastar tal claque do domínio do clube e nem por isso o Sporting deixou de ser campeão, quebrando um jejum de 19 anos. Esta época o futebol que pratica promete novos festejos.

Também no Benfica há capítulos negros

no comportame­nto das claques. Crimes comuns graves. Porém, não é por se dar ares de que as atividades das claques não são oficialmen­te aceites que a gravidade das omissões se reduz. O Benfica, em relação às suas claques, tem cultivado a atitude de Pilatos. Lava daí as suas mãos. Mas não pode eximir-se à responsabi­lidade que a mera tolerância lhe cola ao emblema.

Mas, sejamos claros,

em nenhum dos grandes clubes portuguese­s se chegou à promiscuid­ade galopante que há anos mantém o FC Porto cativo. Desde aquela guarda musculada a Pinto da Costa, no já distante ‘Apito Dourado’, a cúpula da organizaçã­o Super-Dragões não parou de conquistar poder no clube. Poder e negócios.

Agora, o Sr. Macaco está detido.

A Justiça resolveu mexer na latrina que visava tomar toda a cidade. Aguardemos os desenvolvi­mentos do processo, saudando a Justiça por ter saído finalmente da depressão onde caiu desde a inspirador­a coragem que gerou a operação ‘Apito Dourado’.

A BOA AÇÃO

NUNCA

CHEGA TARDE. É SEMPRE MELHOR DO QUE NUNCA

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal