Record (Portugal)

A peregrinaç­ão

- Nuno Encarnação Gestor

Pelo que se sabe, Sérgio Conceição exigiu apenas à SAD do Porto um reforço para o eixo da defesa. A demora foi longa e, no último dia de mercado, o central Otavio foi contratado ao Famalicão.

A SAD e Conceição chegaram à conclusão que o plantel

não poderia ser tão vasto, uma vez que não há condições financeira­s objetivas para manter salários de tantos atletas e resolveram fazer opções.

A missão que Conceição se propõe fazer até final da época

é de uma autêntica peregrinaç­ão. Ele com os seus atletas serão peregrinos no ‘stricto sensu’ da palavra.

Um peregrino não se propõe apenas a fazer um longo caminho,

fá-lo por algo, por uma crença e por um objetivo pessoal final. Conceição convenceu o seu grupo de que na metade do caminho que falta até ao fim do campeonato, apesar de se encontrar em terceiro lugar a 5 pontos do Sporting e a 4 do Benfica, ser campeão ainda é uma possibilid­ade.

O Porto receberá no Dragão estes dois rivais de Lisboa (e não inimigos).

Nas 15 jornadas que ainda faltam, vencendo esses dois desafios e mesmo que todos se mantenham vencedores até lá, a diferença que descrevi acima reduz-se para 2 e 1 ponto, respetivam­ente. A partir daqui tudo é possível.

O Benfica ainda terá de ir a Alvalade e a Guimarães.

O Sporting não terá deslocaçõe­s de dificuldad­e acrescida, exceto a visita ao Dragão que acabo de referir. Pelo meio, ainda haverá a tentadora e difícil Champions e a apetecível e fácil Liga Europa. A Taça de Portugal ainda estará presente no calendário dos três grandes.

Falta, de facto, muito, mas o Porto ao não se reforçar

significat­ivamente no mercado de inverno como os rivais, corre riscos maiores. Conceição está hoje no lugar de bronze no pódio, mas em ouro no que toca à entrega dos seus jogadores nos últimos quatro jogos.

Conceição caminhará mais uma vez sozinho

com o seu cajado e com os seus, tentando mostrar que não haverá impossívei­s e que o quase certo poderá falhar.

A história repete-se. Um Porto sem dinheiro,

sem capacidade de gerar receitas avultadas em vendas (no inverno), que apenas empresta (veja-se Veron, Carmo e Navarro) ou dá (Taremi ao rico Inter no final do ano), depende apenas da magia do seu treinador contra todos os “Orcs” do Mundo como na Trilogia do Senhor dos Anéis.

Sérgio Conceição não estará sozinho em casa,

por mais que meia SAD não o grame. Os adeptos nunca o abandonarã­o nesta caminhada final.

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