Não confundir ‘claque’ com claque
çA detenção dos Madureiras, Caldeira e Cª. produziu um enorme bruá. Foi um duro golpe para os dirigentes do FC Porto e sobretudo para a sua ‘claque’. Sim, ‘claque’ entre aspas, porque de facto, quer esta, quer as de outras cores, são, realmente, bandos de energúmenos, mais ou menos violentos, mais ou menos perigosos, mas todos a merecerem actuações policiais e até mesmo judiciais. É, pois, errado designar estes bandos por ‘claques’. São apoiantes de um clube, sim, mas pelo menos para alguns dos elementos de topo esse apoio passa a ser secundário, acabando por estarem predominantemente ao serviço dos que do clube também se aproveitam. É, por conseguinte, fundamental pôr-lhes fim.
Reconheço que uma verdadeira claque é importante
para o espectáculo, mas desde que sujeita a rigorosas regras e a estreito controle democrático. E há exemplos a seguir. Tive o previlégio de assistir à criação da do Real Madrid – Primavera Blanca – por um grupo de sócios cansados dos conflitos provocados pelos ‘ultras’. Em cooperação com o clube, criaram uma verdadeira claque, com estatutos próprios, Direcção eleita em AG e regras muitos concretas, entre as quais irem aos jogos equipados de branco e animarem a equipa 90 minutos. Quem não respeitar os estatutos ou tiver comportamentos antisociais (como manifestações de racismo, tem o destino traçado: rua!
Quanto ao clube, cede-lhes uma zona do estádio,
a Grada de Animación, acessível mesmo aos não sócios do Real, e no início de cada época disponibiliza-lhes um determinado número de bilhetes. Mas não à borla! Quem quiser ir aos jogos compra bilhete ao clube, não à claque, podendo fazê-lo, isso sim, através desta. Ou seja, não há negócio, há amor ao Real. E a Primavera Blanca financia-se através das quotas pagas pelos seus associados e pelas inúmeras iniciativas que leva a efeito. E os seus dirigentes não se passeiam de Maserati. Esta, sim, é uma claque. E é óptima para o futebol!