Record (Portugal)

Um leão cirúrgico no mercado

- RUI MALHEIRO

NÃO PERDEU NENHUM ELEMENTO DE PRIMEIRA OU DE SEGUNDA LINHA DO PLANTEL

APESAR DA CASTIGADOR­A ELIMINAÇÃO NAS MEIAS-FINAIS TAÇA DA LIGA, O SPORTING RESISTIU, COM NOTA ARTÍSTICA E PUNGÊNCIA GOLEADORA, A UM MÊS DE JANEIRO QUE SE ANTEVIA ÁRDUO. RÚBEN AMORIM, SEM PERDER O FOCO NA COMPETIÇÃO, FOI EXTREMAMEN­TE ARGUTO A PENSAR NO PRESENTE E NO FUTURO NA FORMA COMO ABORDOU O MERCADO 1

O Sporting resistiu com garbo futebolíst­ico e incisivida­de ofensiva, como líder isolado do campeonato e atingindo os quartos-de-final da Taça, a um mês de janeiro em que lhe foram subtraídas as contribuiç­ões de Diomande, Morita e Geny Catamo (já regressado do CAN, e suplente utilizado com fulgor diante do Casa Pia), mesmo falhando, com um estrondo bem maximizado por Rúben Amorim, o acesso à final da Taça da Liga, ao ver o seu futebol galopante esbarrar, ao longo dos primeiros 60 minutos, nos ferros e em paradas de Matheus. Depois, não perdeu nenhum elemento de primeira ou de segunda linha do plantel, que, até ao momento, se tem manifes- tado como o mais sólido e esteticame­nte sedutor do futebol indí- gena em 2023/24.

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De forma sagaz, Amorim decidiu oferecer experiênci­a competitiv­a contínua na I Liga a dois jogadores que entrarão nos planos do Sporting no fu- turo, mas que estão inequivoca­mente tapados no presente. É o caso de Essugo, que possui condições para se impor como médio-centro num Chaves que busca a fuga à zona de descida, concilian- do a sua aptidão como recuperado­r com um necessário cresciment­o como construtor. Como também o de Afonso Moreira, um extremo talhado para produ- zir desequilíb­rios com o seu virtuosism­o técnico e imprevisib­ili- dade no drible, que encaixa como uma luva numa equipa que privilegia a criativida­de do meio-cam- po para a frente. Mesmo que o seu futuro como leão possa vir a passar por ser mais opção para ala, como sucedeu até ao momento, do que para elemento do tridente da frente. No fundo, são duas apostas que seguem a linha do que foi feito, no final de agosto, com Mateus Fernandes, até agora com amplíssimo sucesso no Estoril, onde tem justificad­o o regresso pela porta grande a Alvalade, o que não poderia suceder neste mercado por ter somado 2 minutos pela equipa principal do Sporting, e com Samuel

Justo, com menos espaço de afir- mação no Casa Pia.

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Será mais difícil que o mes- mo aconteça a Rodrigo Ri- beiro, que foi cedido ao Nottingham Forest. É óbvio que entra, aos 18 anos, na superlativ­a Premier League, só que as hipóteses de utilização, face à concor- rência, de Taiwo Awoniyi e Wood, aos quais ainda se juntam Origi e Ui-Jo Hwang, ou de Hudson-Odoi, Elanga e Nico Domínguez, que tem vindo a ser adapta- do por Nuno Espírito Santo à ala direita, se a ideia for partir de um dos corredores laterais, deixam muito pouco espaço para a afirmação para quem dá o salto desde a Liga 3.

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Por fim, Rúben Amorim viu satisfeita a chegada de dois reforços, que levaram a um investimen­to que não superou os 4,7 milhões de euros. O central canhoto Rafael Pontelo será, bem na sombra de Gonçalo Inácio e de Matheus Reis, uma aposta para o futuro, num plantel com oito opções para o eixo da defesa. Já no meio-campo, onde Hjulmand e Morita são indiscutív­eis, e o recuo de Pote, face às ausências do japonês, é opção prioritári­a em relação à titularida­de do cerebral Daniel Bragança, recebeu Koba Koindredi, ex-Estoril. Perceber o que o técnico pretenderá extrair do internacio­nal francês entre os sub-17 e os sub-19 será interessan­te, até porque tem bem mais perfil de “8” do que de “6”, e destaca-se, sobretudo, pela forma como queima linhas em condução, sem qualquer receio de recorrer ao drible. Um futebol selvagem que o diferencia dos colegas de posição.

OBSERVATÓR­IO

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