Cabeça na bola e um pé na pista
Títulos, feitos e recordes à parte, há um campo em que a opinião pública não se poupa a diferenciar Cristiano Ronaldo e Neymar: o do compromisso. Pese embora a grande carreira assinada pelo astro brasileiro, este nunca foi colocado na mesma discussão que o português precisamente por não ter sido capaz de manter afastada a nuvem negra que tantas vezes lhe pairou sobre a cabeça, fruto das noitadas e das festas em que foi apanhado amiúde. Comportamentos que, à luz da alta competição, não o livraram de críticas várias e que legitimaram as dúvidas que foram surgindo relativamente à longevidade que este poderia atingir. Com efeito, numa fase em que a carreira do astro do escrete parece ter entrado na etapa descendente, a generalidade dos adeptos não se surpreendeu com a quebra de rendimento. Em contrapartida, Cristiano Ronaldo, sete anos mais velho do que Neymar, continua a dar que falar pela capacidade de trabalho que, à porta dos 39 anos, ainda apresenta. Sempre muito preocupado com o físico, o astro português é ainda visto como exemplo supremo da dedicação à profissão. São célebres os episódios partilhados por companheiros de CR7 relativos às horas extra no relvado e no ginásio, de madrugada ou de dia.
Parte do segredo da longevidade e da regularidade do madeirense passa, aliás, pelo foco que este sempre teve em manter uma rotina limpa, sem desvios e totalmente pensada para a extração máxima de rendimento. Raramente conotado com saídas e noites para lá da hora recomendada, Cristiano Ronaldo tem vindo a colher os frutos do sacrifício, tanto que é, frequentemente, colocado na discussão dos melhores de sempre, junto com outros nomes de grande peso. Uma mesa na qual Neymar, por muito meritórios e portentosos que sejam os seus números e feitos, parece longe de ter lugar. Quiçá teria sido diferente se o brasileiro tivesse mantido a consistência que apresentou sobretudo no Barcelona, porque a qualidade, essa, sempre foi inquestionável e indesmentível.