Por um futebol para todos
Entre as suas inúmeras consequências negativas, a pandemia teve o grande mérito de nos recordar que o futebol é sempre melhor com adeptos. Ao ver estádios vazios e silenciosos, todos nos lembramos que o futebol é melhor com bandeiras, é melhor com cânticos e, como se viu na final da Taça da Liga, é melhor com pirotecnia. Para um verdadeiro adepto, o espetáculo é tanto aquilo que se passa dentro das quatro linhas, quanto tudo aquilo que as rodeia.
As claques tendem a ser uma representação
transversal da massa associativa dos clubes. Contrariamente a ideias pré-concebidas, nas claques juntam-se pessoas de todas as classes, raças e credos, unidas pela paixão clubística. No caso do Benfica, não existiria Inferno da Luz sem as claques, que muitas vezes alavancam o resto dos adeptos.
Infelizmente, muitas vezes juntam-se
também indivíduos cuja prioridade passa por tirar benefícios pessoais. As claques servem para apoiar o clube, não para serem braços armados da sua direção, ao serviço para calar opositores internos, sendo recompensados financeiramente com prejuízo para os restantes associados.
Os acontecimentos da semana passada,
da Operação Pretoriano aos conflitos em Famalicão, relembram o muito que ainda há por fazer para garantir que o nosso futebol é seguro. Já todos conhecemos os muitos problemas que assolam as famílias que querem assistir a jogos em Portugal, começando pelos preços proibitivos e pelos horários desajustados. Não podemos tolerar que o futebol se transforme, também, num local onde a insegurança é generalizada e o caos é amplamente aceite. As autoridades devem ter tolerância zero para todos aqueles que se procuram aproveitar das emoções fortes para criar um clima de coação e desordem.
A solução para este problema não passa
QUE AS AUTORIDADES TENHAM CORAGEM PARA
por cartões de adepto, nem, muito menos, pela identificação prévia daqueles que querem assistir a um jogo. No entanto, urge ter coragem para enfrentar aqueles que perpetuam os males que rodeiam a modalidade. A Operação Pretoriano reavivou a memória de muitos que, ao longo dos anos, compadeceram com ameaças a árbitros, adeptos rivais e até jornalistas. Agora, mais do que nunca, é o momento para tomar medidas sérias e concertadas, que nos permitam avançar rumo a um futebol para todos. Esperemos que as autoridades finalmente tenham coragem para devolver o futebol aos verdadeiros adeptos.