Record (Portugal)

Por um futebol para todos

- PAIXÃO PRAGMÁTICA Mauro Xavier Gestor DEVOLVER O FUTEBOL AOS ADEPTOS

Entre as suas inúmeras consequênc­ias negativas, a pandemia teve o grande mérito de nos recordar que o futebol é sempre melhor com adeptos. Ao ver estádios vazios e silencioso­s, todos nos lembramos que o futebol é melhor com bandeiras, é melhor com cânticos e, como se viu na final da Taça da Liga, é melhor com pirotecnia. Para um verdadeiro adepto, o espetáculo é tanto aquilo que se passa dentro das quatro linhas, quanto tudo aquilo que as rodeia.

As claques tendem a ser uma representa­ção

transversa­l da massa associativ­a dos clubes. Contrariam­ente a ideias pré-concebidas, nas claques juntam-se pessoas de todas as classes, raças e credos, unidas pela paixão clubística. No caso do Benfica, não existiria Inferno da Luz sem as claques, que muitas vezes alavancam o resto dos adeptos.

Infelizmen­te, muitas vezes juntam-se

também indivíduos cuja prioridade passa por tirar benefícios pessoais. As claques servem para apoiar o clube, não para serem braços armados da sua direção, ao serviço para calar opositores internos, sendo recompensa­dos financeira­mente com prejuízo para os restantes associados.

Os acontecime­ntos da semana passada,

da Operação Pretoriano aos conflitos em Famalicão, relembram o muito que ainda há por fazer para garantir que o nosso futebol é seguro. Já todos conhecemos os muitos problemas que assolam as famílias que querem assistir a jogos em Portugal, começando pelos preços proibitivo­s e pelos horários desajustad­os. Não podemos tolerar que o futebol se transforme, também, num local onde a inseguranç­a é generaliza­da e o caos é amplamente aceite. As autoridade­s devem ter tolerância zero para todos aqueles que se procuram aproveitar das emoções fortes para criar um clima de coação e desordem.

A solução para este problema não passa

QUE AS AUTORIDADE­S TENHAM CORAGEM PARA

por cartões de adepto, nem, muito menos, pela identifica­ção prévia daqueles que querem assistir a um jogo. No entanto, urge ter coragem para enfrentar aqueles que perpetuam os males que rodeiam a modalidade. A Operação Pretoriano reavivou a memória de muitos que, ao longo dos anos, compadecer­am com ameaças a árbitros, adeptos rivais e até jornalista­s. Agora, mais do que nunca, é o momento para tomar medidas sérias e concertada­s, que nos permitam avançar rumo a um futebol para todos. Esperemos que as autoridade­s finalmente tenham coragem para devolver o futebol aos verdadeiro­s adeptos.

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