Record (Portugal)

Até à eternidade

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Em termos de velhas glórias do clube, é inegável que Pinto da Costa teve na plateia do Coliseu uma selecção dos melhores: João Pinto, o eterno capitão; Domingos, o nosso mais querido n.º 9; o pequeno grande Rui Barros e o genial António Oliveira, além de Vitor Baía, o n.º 1 de sempre, e Sérgio Conceição, jogador de referência e agora o treinador mais tempo em funções. Não é lícito duvidar por um momento que todos estavam lá por admiração, por amizade, por gratidão. Mas ao ver o beijo comovido de Sérgio Conceição na cabeça de PC - um gesto de ternura que se faz com os velhinhos - e ouvindo o homem dizer que quer cumprir mais um mandato até aos 90 anos - ou seja, até à eternidade também é lícito perguntar se a verdadeira amizade e gratidão não estariam antes em dizer-lhe ao ouvido: “Já chega, Presidente, dê a vez aos novos!”. Porque, ouvindo-o discursar, não foi a ausência de teleponto ou os conselhos da agência de Cunha Vaz que fizeram a diferença, foi a ausência de qualquer ideia nova. Sim, claro que ninguém lhe pode disputar o currículo de 67 títulos no futebol ou 2.000 em todas as modalidade­s, pela simples razão de que ninguém está ali há 42 anos como ele.

Mas para além disso e dos ataques de indisfarça­do ódio a quem ousa disputar-lhe o poder incontesta­do - suprema ofensa! -, o que ficou foi nada ou delirantes divagações sobre as ameaças árabes ou a descoberta de que o nome de Portugal vem do FC Porto. Já sobre a dívida acumulada de 500 milhões e os capitais próprios negativos de 167 milhões, ficou a promessa de resolver estes últimos em uma ou duas semanas, sem explicar como conseguirá o milagre. Talvez, segundo consta, alienando receitas futuras para os próximos anos e em pleno período eleitoral.

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