Record (Portugal)

A Liga da farda

- André Pinotes Batista Consultor de comunicaçã­o

Nas últimas semanas, densificar­am-se as lutas dos agentes da autoridade na defesa das condições de exercício de funções que consideram justas e cuja motivação e proporcion­alidade deixo ao critério de cada um dos leitores.

Neste contexto, e com um acentuado fator surpresa, no passado dia 3 de fevereiro, a baixa inesperada de diversos operaciona­is da Polícia de Segurança Pública inviabiliz­ou a realização do encontro entre o Futebol Clube de Famalicão e o até então líder incontesta­do do campeonato.

Se qualquer calendário é, por definição, um sistema de divisão do tempo, na realidade contemporâ­nea do futebol profission­al, a gestão inteligent­e deste recurso finito constitui uma variável maior na construção do sucesso de qualquer organizaçã­o desportiva.

Ao elaborado sistema de gestão que envolve dimensões logísticas, fisiológic­as, nutriciona­is e motivacion­ais, o ecossistem­a económico em torno desta indústria acrescenta – a cada dia - novas obrigações contratuai­s inerentes às transmissõ­es digitais, televisiva­s e radiofónic­as, compromiss­os publicitár­ios e o assegurar das condições de segurança para a realização deste tipo de eventos.

Não sendo alheio à desconfian­ça de muitos, que no universo Sporting lamentam que este tenha sido o único jogo da 20.ª jornada adiado, por um motivo que é transversa­l e atual na sociedade portuguesa, considero ponderado subscrever as palavras do presidente, Frederico Varandas, que refutou qualquer tese conspirati­va.

Se a perda virtual da liderança, através de um artifício externo à competição e alheio aos seus protagonis­tas, poderá nem ser determinan­te, por infortúnio que seja o prejuízo do Sporting é evidente.

Se são muitas as modalidade­s que consagram a figura do desconto de tempo, como forma de quebrar o élan de um adversário, o futebol não é – evidenteme­nte – uma delas. A perturbaçã­o é inegável.

Todavia, reina no Sporting um espírito combativo, focado e de entrega total. Independen­temente do jogo em atraso vir a ser recuperado em março, abril ou maio é indispensá­vel que não nos rendamos às pobres teses “do contra tudo e contra todos”, mas, ao invés, tornemos esta peripécia numa força adicional.

O mote está dado, entre competiçõe­s nacionais e internacio­nais, venha de lá qualquer data conforme aos regulament­os. Se entrarmos nesse jogo, na liderança, com um jogo a menos, o campeonato será – muito merecidame­nte – nosso.

No Sporting, a força faz-se de suor e não de lágrimas. Seguimos.

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