Record (Portugal)

O ‘bolo’ da UEFA

- HORA DO CHÁ Eládio Paramés

çTerminou ontem em Paris o Congresso da UEFA e dele poucas novidades sairam. Que Pedro Proença iria integrar o Comité Executivo era mera formalidad­e. Que Ceferin, o presidente em exercício, veria ser aprovada a alteração estatutári­a que lhe permitiria concorrer a um quarto mandato era outra, apesar de algumas, poucas, vozes discordare­m da medida. E a alteração da forma como se vai disputar a próxima Champions League (CL) ainda outra. Até porque, antes, já muitos milhões para entregar aos clubes tinham sido anunciados, como o nosso jornal noticiou.

Estas últimas medidas foram uma clara resposta

aos avanços anunciados pelos organizado­res da chamada Superliga, e esta, se outro mérito não tem, no mínimo teve o de ter obrigado a UEFA a modificar a fórmula competitiv­a da CL e a abrir os cordões à bolsa, dando mais dinheiro aos 36 clubes que nela participar­em. Vamos por isso assistir a uma luta brutal entre clubes pelo acesso ao ‘bolo’ uefeiro, um ‘bolo’ que afinal já existia mas que era fatiado de forma diversa, cabendo aos realizador­es do espectácul­o apenas fatias fininhas. A quem cabiam as ‘gordas’ era o que importava saber.

Mas apesar da decisão ser positiva,

dela também resulta alguma preocupaçã­o, sobretudo para os clubes menos poderosos, que verão os outros a encaixarem milhões e a tornarem-se mais fortes. A solução para este dilema não é fácil. Entre nós, por exemplo, ela deve passar pela descoberta, formação e desenvolvi­mento de jovens jogadores cuja posterior venda traga desafogo financeiro, mas mesmo assim não trará igualdade e os ‘grandes’ continuarã­o a dominar as competiçõe­s. Cabe aos clubes, mas também à Liga e à Federação, reflectir e procurar soluções para que os campeonato­s, não percam interesse. E a reflexão cabia também, e por maioria de razão, à UEFA, mas esta preocupa-se essencialm­ente em defender o tamanho do ‘bolo’.

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