O ‘bolo’ da UEFA
çTerminou ontem em Paris o Congresso da UEFA e dele poucas novidades sairam. Que Pedro Proença iria integrar o Comité Executivo era mera formalidade. Que Ceferin, o presidente em exercício, veria ser aprovada a alteração estatutária que lhe permitiria concorrer a um quarto mandato era outra, apesar de algumas, poucas, vozes discordarem da medida. E a alteração da forma como se vai disputar a próxima Champions League (CL) ainda outra. Até porque, antes, já muitos milhões para entregar aos clubes tinham sido anunciados, como o nosso jornal noticiou.
Estas últimas medidas foram uma clara resposta
aos avanços anunciados pelos organizadores da chamada Superliga, e esta, se outro mérito não tem, no mínimo teve o de ter obrigado a UEFA a modificar a fórmula competitiva da CL e a abrir os cordões à bolsa, dando mais dinheiro aos 36 clubes que nela participarem. Vamos por isso assistir a uma luta brutal entre clubes pelo acesso ao ‘bolo’ uefeiro, um ‘bolo’ que afinal já existia mas que era fatiado de forma diversa, cabendo aos realizadores do espectáculo apenas fatias fininhas. A quem cabiam as ‘gordas’ era o que importava saber.
Mas apesar da decisão ser positiva,
dela também resulta alguma preocupação, sobretudo para os clubes menos poderosos, que verão os outros a encaixarem milhões e a tornarem-se mais fortes. A solução para este dilema não é fácil. Entre nós, por exemplo, ela deve passar pela descoberta, formação e desenvolvimento de jovens jogadores cuja posterior venda traga desafogo financeiro, mas mesmo assim não trará igualdade e os ‘grandes’ continuarão a dominar as competições. Cabe aos clubes, mas também à Liga e à Federação, reflectir e procurar soluções para que os campeonatos, não percam interesse. E a reflexão cabia também, e por maioria de razão, à UEFA, mas esta preocupa-se essencialmente em defender o tamanho do ‘bolo’.