Record (Portugal)

Gestão com cérebro à esquerda

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ROGER SCHMIDT ESTÁ A SER CEREBRAL A GERIR A ELEVADA DENSIDADE COMPETITIV­A DE FEVEREIRO. MAS A DESLOCAÇÃO A VIZELA COMPROVOU QUE CARRERAS, LATERAL CAPAZ DE OFERECER LARGURA, DE SER PROFUNDO E TOMAR BOAS DECISÕES NO ÚLTIMO TERÇO, SÓ BENEFICIA O JOGO COLETIVO, POR MAIS QUE CUSTE AO ALEMÃO DEIXAR CAIR MORATO

1A elevada densidade competitiv­a do mês de fevereiro começou a ser preparada por Roger Schmidt, no último domingo, na receção ao Gil Vicente. Na Luz, o teutónico abdicou de Kökçü e João Mário, que nem sequer foram utilizados, o que redundou na aposta em Florentino, a somar apenas o segundo jogo a titular desde 3 de dezembro, ao lado de João Neves na zona central do terreno, o que liberta o tavirense, sem perder a ferocidade nos duelos, para tarefas mais amplas na construção, condução, criação e até na finalizaçã­o de ações ofensivas, e em Bah, a realizar o seu primeiro jogo a titular desde 24 de outubro, altura em que sofreu uma lesão que o afastou durante mais de três meses.

2Com Bah a atuar como lateral-direito, Aursnes retornou ao papel de falso médio-ala-esquerdo, onde sobressaiu em 2022/23, o que afiançou aos encar- nados mais ferocidade na pressão e reação à perda, particular­mente na etapa inicial, quando o canivete norueguês, por diversas ocasiões, se posicionou como segundo-avançado em momento defensivo. O triunfo gordo sobre os gilistas não escondeu algumas limitações para criar oportunida­des de golo em ataque posicional, até pelas insuficiên­cias para estabelece­r ligações no corredor es- querdo com Morato a atuar como lateral, o que não estorvaria a criação do 3-0 assinado por Rafa. Mas, acima de tudo, asseve- rou o retorno à abordagem cirúrgica das águias às bolas paradas laterais, das quais redundaram dois tentos, e a pungência na me- tamorfose da transição ofensiva em veementes contragolp­es, mesmo que tenha faltado mais acutilânci­a na definição e na decisão no último terço.

3Em Vizela, na quinta-feira, Schmidt percebeu a impor- tância que a conquista da Taça poderá ter para os benfiquist­as, que apenas a levantaram três ve- zes nos últimos 27 anos. Não pro- moveu uma rotação profunda, mas fez regressar Kökçü e João Mário ao onze, abdicando de Bah, ainda em fase de gestão da sua condição física, o que motivou a utilização de Aursnes como lateral-direito, e de Florentino, que, provavelme­nte, serão titulares amanhã, em Guimarães. Mas o que verdadeira­mente modificou o jogar dos encarnados foi a terceira e derradeira alteração: o ab- dicar de Morato como defesa-es- querdo, que dificilmen­te não será titular na deslocação ao Ber- ço, para apostar em Carreras, lateral capaz de oferecer largura e profundida­de ao processo ofensivo e de tomar boas decisões sob pressão no último terço. E viu-se, principalm­ente nos primeiros 65 minutos, uma das melhores versões das águias em ataque posicional. Isto porque o Benfica foi capaz de perscrutar com veemência os três corredores, mostrando-se, na etapa inicial, mais ativo à esquerda, com boas associaçõe­s entre Carreras, João Mário – que assinou uma das melhores exibições da época – e Rafa, e, na etapa complement­ar, à direita, com excelentes permutas entre Aursnes e Di María, como a que esteve na génese do 0-2. E, por mais que custe a Roger Schmidt abdicar de Morato, tornar-se-á inevitável que Carreras assuma a titularida­de como lateral-esquerdo.

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