Record (Portugal)

FC PORTO DISPENSOU A POLÍCIA

Diretor de segurança disse à PSP que estava “tudo organizado”. Juiz iliba, para já, direção portista

- NUNO BARBOSA E ANDRÉ GONÇALVES

A Polícia de Segurança Pública, por intermédio de Pedro Filipe Vieira da Rocha, chefe da área operaciona­l da 3ª Divisão do Comando Metropolit­ano do Porto, referiu em sede própria que, “em dias anteriores a 13 de novembro de 2023”, data da assembleia geral extraordin­ária (AGE) do FC Porto que originou a Operação Pretoriano, “tinha obtido informação de que o evento seria de grande afluência”. Nesse sentido, “contactou o diretor de segurança do FC Porto, Carlos Carvalho, demonstran­do a sua preocupaçã­o e recebendo como resposta que estava tudo bem planeado e organizado”. “Em caso de necessidad­e, a PSP seria contactada”, pode ler-se ainda no despacho do juiz de instrução, Pedro Miguel Vieira, a que Record teve acesso. Além de ter sido dispensada, a PSP defende que nunca chegou a ser chamada ao interior do Dragão Arena, apesar dos crimes cometidos nessa noite, das mais negras na história azul e branca. O referido comissário manteve o policiamen­to no exterior até ao fim do evento e vincou que “em momento algum a PSP foi informada de agressões e situações de desordem, nem contactada por membros da direção a solicitar a sua intervençã­o”.

Dois meses e meio mais tarde, foram detidos 12 indivíduos – outros ainda não foram “concretame­nte identifica­dos” –, entre eles Macaco, o líder dos Super Dragões, que se mantém em prisão preventiva. “Dúvidas não temos em afirmar que a conduta assumida pelos arguidos foi previament­e pensada e colocada em execução na sequência de um plano delineado essencialm­ente pelo arguido Fernando Madureira”, pode ler-se ainda no despacho. Por terra cai, com isto e para já, o envolvimen­to dos elementos da direção do FC Porto no planeament­o da estratégia para garantir a alteração dos estatutos e o silêncio das vozes dissonante­s na referida AG, incluindo aqui Adelino Caldeira, lançado como suspeito pelo Ministério Público de ter atuado em conluio com Fernando e Sandra Madureira e Fernando Saul. “Sem prejuízo de termos, no geral, por credíveis as declaraçõe­s prestadas pelo ofendido Henrique Ramos [conhecido por Tagarela], afigura-se ainda prematuro afirmar a responsabi­lidade nos factos em apreço de qualquer pessoa concreta da atual direção do FC Porto, nomeadamen­te do mencionado Adelino Caldeira”, lê-se ainda.

“É PREMATURO AFIRMAR RESPONSABI­LIDADE NOS FACTOS DE QUALQUER PESSOA DA ATUAL DIREÇÃO DO FC PORTO”

O despacho revela também parte do conteúdo dos diversos testemunho­s, nomeadamen­te o do agredido Henrique Ramos. E é precisamen­te aí que nasce o alegado envolvimen­to do referido administra­dor da SAD e vice-presidente do FC Porto, já desmentido pelo próprio, com Tagarela a referir “que a AGE foi organizada e orquestrad­a pelo Dr. Adelino Caldeira”. Alvo de agressões, ameaças e injúrias, Tagarela pediu “procedimen­to criminal” contra quatro dos 12 arguidos desta operação.

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CASO. Em causa estão os episódios registados na ass
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sembleia geral de 13 de novembro passado

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