Record (Portugal)

“Dizia que Diego era um jogador assim-assim”

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Gosta de futebol?

DALMA MARADONA - Sim! Adoro futebol e sou adepta fanática do Boca Juniors.

Ⓡ Costumava ver os jogos do seu pai ao vivo?

DM - Inicialmen­te, mas sem noção do que estava a ver. Para mim, estava lá para ver o meu pai a jogar futebol com outras pessoas. Já era mais crescida quando me apercebi da dimensão. Percebi que o meu pai era diferente, muito melhor do que os outros.

Ⓡ Para si, Maradona era o ‘papá’. Quando é que se apercebeu que, em simultâneo, era o melhor jogador do Mundo?

DM - É muito curioso. Quando me perguntava­m o que fazia Diego, o meu pai, eu respondia que era jogador de futebol e que ‘era assim-assim’ [risos]. Claramente não tinha a mínima noção da dimensão que ele tinha, porque estar com ele e vê-lo jogar era tão quotidiano e tão normal para mim. Ele ia-me buscar à escola, estava comigo em casa, levava-me ao cinema... era o meu pai. A certa altura, comecei a reparar na forma como as pessoas reagiam quando o viam ou como falavam com ele. Íamos a um sítio qualquer e ficávamos presos por causa da multidão que se juntava à porta. As pessoas choravam, pediam-lhe fotos. Aí é que comecei a pensar que aquilo não era normal, que não acontecia com os pais das minhas amigas. Percebi que havia ali algo diferente e que era por causa do futebol.

+Qual é o momento que considera mais importante na carreira de Maradona?

DM - Há vários. A começar por quando o descobrem e o levam para o Argentinos Juniors. Estreia-se pela equipa principal ainda como uma criança [tinha 15 anos]. Depois vende o próprio passe para ir para o Boca Juniors, porque o meu avô era do Boca e sempre tinha sonhado jogar lá. E, claro, o Mundial'1986. Naquele jogo com Inglaterra em que, por um lado, foi criticado pelo golo com a mão, que é algo que hoje não seria possível [por causa do VAR]. Mas logo a seguir teve o momento mais bonito da história dos mundiais [o golo em que recebe a bola no meio-campo e deixa meia equipa inglesa para trás antes de bater Peter Shilton]. Ainda hoje vejo os vídeos e não percebo como é que ele conseguiu fazer aquilo. Os meus avós estavam na bancada nesse jogo e contam muitas vezes que toda a gente ficou incrédula por ver aquela pessoa a fazer aquilo. Adorava ter estado lá para ver com os meus próprios olhos. Ganhar esse Mundial mudou a carreira dele e mudou-o também como pessoa. Foi um fenómeno que ninguém conseguia compreende­r. *

“GANHAR O MUNDIAL’1986 MUDOU-LHE A CARREIRA. FOI UM FENÓMENO QUE NINGUÉM CONSEGUIA COMPREENDE­R”

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