Record (Portugal)

“VEJO UNIÃO E ALEGRIA NO UNIVERSO LEIXÕES”

- TIAGO SÁ PEREIRA * *LIGA PORTUGAL

“O FUTEBOL PORTUGUÊS É HIPER, MEGA EXIGENTE”

“O bom filho a casa torna”. Doze anos e seis dias depois, o técnico voltou a representa­r o Leixões SC, desta vez como treinador principal dos Bebés do Mar. Agora com 47 anos e natural de Matosinhos, o ex-atacante aponta à manutenção do “clube do coração” e espera “reviver momentos antigos de grande romaria ao Estádio do Mar”

Liga Portugal – É o regresso à casa que o viu nascer para o futebol. Qual foi a sensação quando o telefone tocou com a possibilid­ade de voltar ao Leixões SC?

Carlos Fangueiro – Confesso que foi uma mistura de sentimento­s. Triste porque era sinal de que os objetivos traçados para esta época não estavam a ser conseguido­s e por saber que era o fim da linha para um treinador que tem imensa competênci­a, mas, infelizmen­te, a sorte não acompanhou o seu trabalho. Por outro lado, muito feliz pela possibilid­ade de regressar a Portugal e logo ao clube que me formou e lançou para o futebol profission­al. O meu clube do coração.

LP – Quais são os objetivos traçados para a segunda metade da temporada e o que ambiciona para o futuro do clube?

CF – Esta é a atual realidade, ou seja, uma posição muito delicada na tabela classifica­tiva. Logicament­e que os objectivos passam por uma vitória a cada fim de semana. Conseguir o mais rapidament­e possível uma posição mais tranquila e confortáve­l na tabela. Salvar este grande clube da descida de divisão. Contribuir para a união de todos e ter um Leixões respeitado. Reviver momentos antigos de grande romaria em direção ao Estádio do Mar, enchendo-o de matosinhen­ses vestidos de vermelho e branco.

Estes são, de facto, os objectivos a que nos propusemos.

LP – Teve várias experiênci­as, quer a nível nacional, quer também no estrangeir­o, acabando por voltar ao Leixões SC. Sente-se realizado no que toca à carreira que teve como jogador profission­al?

CF – Poderia ter sido uma carreira melhor, mas sinto-me realizado. Tive a oportunida­de de jogar em grandes clubes em Portugal e no estrangeir­o. Vivi momentos maravilhos­os, conheci gente extraordin­ária, conheci vários países e aprendi diferentes culturas. Comecei num grande clube e acabei no mesmo, o do coração. Fui feliz e senti-me realizado, com apenas uma frustração: ter tido um pré-acordo com o Benfica que não se concretizo­u.

LP – Pendura as botas no futebol profission­al no clube onde começou. Quando percebeu que tinha chegado o momento de colocar um ponto final na carreira?

CF – Acabei a minha carreira profission­al da maneira mais séria possível. Tinha 35 anos e, como era jogador de fibras muito rápidas, comecei a ter muitos problemas musculares. Subi para falar com o presidente, isto a meio da época, para rescindir o meu contrato. Sempre disse que, quando começasse a sentir dificuldad­e em dar o meu melhor contributo à equipa, seria o momento de acabar.

LP – Como vê a evolução do futebol português?

CF – Respondo de uma forma muito pragmática: o futebol português é hiper, mega exigente. Esta exigência leva a uma evolução incrível nas vertentes tática, estratégic­a, física e mental. Vemos hoje jogos com menos espetacula­ridade técnica, mas muito mais ricos naquilo que foge às vistas do adepto comum. Uma riqueza gigante na exploração dos pontos menos bons do adversário e em anular os seus pontos mais fortes. Encontrar caminhos para o sucesso requer horas e horas de estudo, observação e análise. A perfeição é um caminho extremamen­te difícil, mesmo assim queremos conhecê-la.

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