Record (Portugal)

Um português a tentar ver o Super Bowl

FIZ NA MADRUGADA DE DOMINGO A MINHA ENÉSIMA TENTATIVA PARA VER A FINAL DO INÍCIO AO FIM. FALHEI DE NOVO O MAIOR ESPETÁCULO DESPORTIVO MUNDIAL QUE DISPUTA O PALCO DA INDÚSTRIA DO ENTRETENIM­ENTO COM OS ÓSCARES E OS GRAMMYS

- MIGUEL SOUSA TAVARES LUÍS MIGUEL HENRIQUE

O Super Bowl é a versão norte-americana da final da Champions League. Como amante de desporto que sou, fiz na madrugada de domingo a minha enésima tentativa para ver a final do Super Bowl do início ao fim. Falhei de novo. Vale a pena dizer, em abono da verdade, que o fuso horário diminui as probabilid­ades de sucesso desta tentativa.

Um europeu não vê o Super

Bowl. Ele tenta. Não são apenas as caracterís­ticas da modalidade que fazem esta tarefa tão difícil, mas também todo o circo cultural, publicitár­io em doses excessivas que fazem com que o adepto europeu fique com os nervos em franja no seu sofá.

Em primeiro lugar o jogo não é

fácil de entender. Chamam-lhe futebol americano, mas as semelhança­s com o futebol tradiciona­l são poucas ou qua- se nenhumas. Tudo é diferente: a bola, as balizas, as linhas no relvado, a pontuação, as regras, a duração e os equipament­os dos jogadores. Para um português, entender a dinâmica do jogo, apesar do excelente trabalho dos comentador­es, é uma tarefa ingrata.

Eliminadas as possíveis semelhança­s com o futebol, o adepto português tenta agarrar-se ao seu conhecimen­to sobre o râguebi. Em poucos minutos deixa cair essa estratégia pois o râguebi também não lhe serve de muito para entender o Super Bowl. À primeira vista parecem modalidade­s semelhante­s, mas apesar de alguns pontos em comum, quase parecem desportos opostos. No futebol americano os atletas vestem-se e protegem-se como milita- res enquanto que no râguebi os artefactos mais sofisticad­os são caneleiras e adesivo para as orelhas. Isto diz tudo sobre o grau de risco físico em cada modalidade.

o Super Bowl disputa-se em 4 partes de 15 minutos, mas a duração total ultrapassa normalment­e as 3

horas. As paragens são constantes, quebrando várias vezes a adrenalina que os adeptos europeus estão habituados a ter. Outra caracterís­tica impression­ante é contar o número de pessoas que se podem ver no terreno de jogo à volta do relvado. São dezenas e dezenas de pessoas, cada uma delas com a sua tarefa, a contribuir para o show, em atividade frenética e permanente.

Natransmis­sãotelevis­iva, é difícil estar mais de 5 minutos sem uma qualquer interrupçã­o publicitár­ia. Qualquer momento é aproveitad­o para ativar todas as marcas que se querem associar a este momento único. E são muitas marcas, acreditem.

Quando olhamos numa perspetiva de negócio a NFL deverá ser a liga desportiva mais poderosa do mundo e o Super Bowl o maior espetáculo desportivo mundial que disputa o palco da indústria do entretenim­ento com os Óscares do cinema ou os Grammys da Música.

Todos os momentos são aproveitad­os para aumentar o espetáculo: a entrada em campo, o hino norte-americano ou o mítico intervalo. O mundo adora. Que o digam os 600 milhões de euros que a CBS fatura nessa noite com a venda de publicidad­e na transmissã­o televisiva ou os mais de 150 milhões de norte-americanos que acompanham o jogo pela televisão.

NUMA PERSPETIVA DE

NEGÓCIO A NFL DEVE SER A LIGA DESPORTIVA MAIS PODEROSA DO MUNDO

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