Um português a tentar ver o Super Bowl
FIZ NA MADRUGADA DE DOMINGO A MINHA ENÉSIMA TENTATIVA PARA VER A FINAL DO INÍCIO AO FIM. FALHEI DE NOVO O MAIOR ESPETÁCULO DESPORTIVO MUNDIAL QUE DISPUTA O PALCO DA INDÚSTRIA DO ENTRETENIMENTO COM OS ÓSCARES E OS GRAMMYS
O Super Bowl é a versão norte-americana da final da Champions League. Como amante de desporto que sou, fiz na madrugada de domingo a minha enésima tentativa para ver a final do Super Bowl do início ao fim. Falhei de novo. Vale a pena dizer, em abono da verdade, que o fuso horário diminui as probabilidades de sucesso desta tentativa.
Um europeu não vê o Super
Bowl. Ele tenta. Não são apenas as características da modalidade que fazem esta tarefa tão difícil, mas também todo o circo cultural, publicitário em doses excessivas que fazem com que o adepto europeu fique com os nervos em franja no seu sofá.
Em primeiro lugar o jogo não é
fácil de entender. Chamam-lhe futebol americano, mas as semelhanças com o futebol tradicional são poucas ou qua- se nenhumas. Tudo é diferente: a bola, as balizas, as linhas no relvado, a pontuação, as regras, a duração e os equipamentos dos jogadores. Para um português, entender a dinâmica do jogo, apesar do excelente trabalho dos comentadores, é uma tarefa ingrata.
Eliminadas as possíveis semelhanças com o futebol, o adepto português tenta agarrar-se ao seu conhecimento sobre o râguebi. Em poucos minutos deixa cair essa estratégia pois o râguebi também não lhe serve de muito para entender o Super Bowl. À primeira vista parecem modalidades semelhantes, mas apesar de alguns pontos em comum, quase parecem desportos opostos. No futebol americano os atletas vestem-se e protegem-se como milita- res enquanto que no râguebi os artefactos mais sofisticados são caneleiras e adesivo para as orelhas. Isto diz tudo sobre o grau de risco físico em cada modalidade.
o Super Bowl disputa-se em 4 partes de 15 minutos, mas a duração total ultrapassa normalmente as 3
horas. As paragens são constantes, quebrando várias vezes a adrenalina que os adeptos europeus estão habituados a ter. Outra característica impressionante é contar o número de pessoas que se podem ver no terreno de jogo à volta do relvado. São dezenas e dezenas de pessoas, cada uma delas com a sua tarefa, a contribuir para o show, em atividade frenética e permanente.
Natransmissãotelevisiva, é difícil estar mais de 5 minutos sem uma qualquer interrupção publicitária. Qualquer momento é aproveitado para ativar todas as marcas que se querem associar a este momento único. E são muitas marcas, acreditem.
Quando olhamos numa perspetiva de negócio a NFL deverá ser a liga desportiva mais poderosa do mundo e o Super Bowl o maior espetáculo desportivo mundial que disputa o palco da indústria do entretenimento com os Óscares do cinema ou os Grammys da Música.
Todos os momentos são aproveitados para aumentar o espetáculo: a entrada em campo, o hino norte-americano ou o mítico intervalo. O mundo adora. Que o digam os 600 milhões de euros que a CBS fatura nessa noite com a venda de publicidade na transmissão televisiva ou os mais de 150 milhões de norte-americanos que acompanham o jogo pela televisão.
NUMA PERSPETIVA DE
NEGÓCIO A NFL DEVE SER A LIGA DESPORTIVA MAIS PODEROSA DO MUNDO