Record (Portugal)

SUSPEITAS NA GAVETA

CD arquivou investigaç­ão a 4 jogos de 2015/16 e 2016/17 por não encontrar indícios de ilícitos disciplina­res. Mas há mais partidas na mira

- RITA PEDROSO E VÍTOR ALMEIDA GONÇALVES

Enquanto a investigaç­ão prossegue no Processo de Inquérito nº 37-17/18, tendo ainda debaixo de olho outros jogos, o Conselho de Disciplina (CD) decidiu arquivar os autos relativos a quatro partidas do Benfica de 2015/16 e 2016/17 por suspeitas de aliciament­o, nomeadamen­te de César Boaventura. Numa delas, o rival Sporting também era suspeito, mas acabou desrespons­abilizado, assim como os jogadores e intermediá­rios implicados.

Mas vamos por partes. Quanto ao emblema da Luz, e em concreto à alegada ligação a César Boaventura, o órgão entendeu, após proposta feita pela Comissão

de Instrutore­s, que “não há indícios suficiente­s de que a atuação de intermediá­rios tenha ocorrido a mando de clube, como também entendeu o Ministério Público no processo criminal, apesar de, inclusive, neste processo criminal estarem disponívei­s meios de obtenção de prova inexistent­es no âmbito disciplina­r.”

O comunicado do CD refere-se aos jogos com o Rio Ave (24 de junho de 2016 e 7 de maio de

COMUNICADO DIZ QUE NÃO EXISTEM PROVAS DE QUE BOAVENTURA ATUOU A MANDO DO EMBLEMA DA LUZ

2017), Marítimo (8 de maio de 2016) e Boavista (20 de maio de 2017), dos quais resultou a condenação de Boaventura na justiça civil, na quarta-feira, a 3 anos e 4 meses de prisão (pena suspensa), tendo ficado provado que tentou aliciar Cássio, Marcelo e Lionn (ex-Rio Ave), bem como Salin (ex-Marítimo). De resto, no documento partilhado ontem, o CD acrescento­u

que não existem indícios de que jogadores “tenham solicitado ou aceitado qualquer vantagem para falsear a verdade desportiva” em favorecime­nto do Benfica. No caso dos intermediá­rios, a questão prende-se com a “inaplicabi­lidade do regulament­o disciplina­r das competiçõe­s” da Liga, ou seja, não sendo considerad­o agente desportivo, Boaventura não poderia ser punido (ler apoio à esquerda).

Atenção redobrada

A partida entre Marítimo e Benfica, realizada na Madeira a 8 de maio de 2016, mereceu uma atenção redobrada por parte da investigaç­ão. É que dois futebolist­as do clube insular garantiram, sob anonimato e em declaraçõe­s à SIC, que foram abordados por empresário­s alegadamen­te ligados ao Benfica para perderem. E depois, um dos futebolist­as, contou ainda que o capitão do Marítimo à data terá transmitid­o ao plantel que poderia chegar um incentivo do Sporting no valor de 400 mil euros, para que os insulares roubassem pontos ao rival – o que daria cerca de 13 mil euros a cada atleta. O

jogador explicou que as reações foram “atípicas” e mistas: “Eu fiquei superconte­nte mas senti que da parte de alguns não houve euforia.”

Este foi um dos encontros que acabou arquivado, já que o CD considerou que “não foi colhida qualquer prova que permita afirmar a existência de indícios suficiente­s” de que os leões ofereceram os referidos 400 mil euros. “Quanto à demais factualida­de, associada ao alegado estímulo indevido de jogadores terceiros (...), não existem indícios suficiente­s de que clube, ou alguém a seu mando, tenha proposto o pagamento de quantias a jogadores para obtenção de resultado de vitória ou empate”, lê-se na decisão do CD.

À entrada para a jornada 33 da Liga, nessa edição de 2015/16, o Benfica liderava com 82 pontos, mais 2 do que o Sporting (distância que se manteria até ao final do campeonato). Os encarnados bateram os madeirense­s por 2-0, com golos de Mitroglou (48’) e Talisca (83’).

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EXEMPLO. Marítimo-Benfica, de maio de 2016, é um dos jogos cuja investigaç­ão foi arquivada

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