Record (Portugal)

Klopp: o alemão redentor pelo qual já choram os reds

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çNão há volta a dar: a palavra ‘Liverpool’ é das mais importante­s e vitoriosas que o futebol consagrou. E a existência do jogo bonito não pode ser contada honestamen­te sem que se lhe dedique um capítulo muito especial. O Liverpool é mais importante que a sua própria cidade. Foi durante muito tempo mais bem mais relevante que a seleção do seu país. Foi durante duas décadas o mais forte emblema das Ilhas. Um dos mais poderosos e vitoriosos da Europa. Mas tudo isto parecia cada vez mais esquecido na poeira até à chegada de um certo alemão. Aquele que chegou a Anfield em 2015 e, sete títulos depois, se prepara sair após respeitoso aviso prévio. Em Liverpool, cidade portuária e cinzenta onde nem os Beatles se sobrepõem aos reds na consciênci­a coletiva, a despedida anunciada de Jürgen Klopp não passa pelo estreito.

Verdade seja dita: o Liverpool

nasceu forte, 75 anos antes de Klopp dar o primeiro berro, em Estugarda, a 16 de junho de 1967. Os reds venceram o seu primeiro campeonato em 1901, mas só a partir dos anos 1960 passaram a afirmar-se verdadeira­mente entre os grandes, antes de se tornar uma potência e criar uma dinastia. E aqui começa o culto das personalid­ades, dos grandes homens que moldaram a cultura vencedora em Anfield. E o primeiro – e talvez mais pesado – destes nomes é Bill Shankly. O escocês inculcou uma mentalidad­e de aço no emblema de Merseyside. Deu-lhe dimensão europeia e preparou-o para o domínio total após levantar 10 troféus. Shankly criou talento, descobriu pepitas de ouro e o seu sucessor, Bob Paisley, aperfeiçoo­u a máquina, atingindo a glória com a conquista de 20 (!) títulos, entre eles três Taças dos Campeões Europeus. Agora sim: o Liverpool era temível, o maior! Joe Fagan a seguir e Kenny Dalglish depois mantiveram os reds na senda das vitórias, mas o sonho terminou em dor e lágrimas com a tragédia de Heysel, em 1985. Os reds foram vencidos pelo ‘hooliganis­mo’ e ficaram seis anos sem poder competir na Europa. Nada voltaria a ser como antes...

O pontual Arsenal, o ressurgime­nto progressiv­o e brutal

do Man. United, a emergência do Chelsea e depois do Man. City permitiram pequenas ‘veleidades’ ao longo dos anos. Os sucessos do Liverpool tornaram-se mais espaçados e o título de campeão inglês fugia desde 1990 quando a prova ainda nem se chamava Premier League.

E nisto chegou Klopp. Esfuziante e positivo, o alemão de temperamen­to pouco germânico trouxe luz, ao recolocar os reds no centro de decisão. Os títulos falam por si. Talvez o mais cantado de todos continue a ser doméstico: o de campeão inglês, 30 anos depois, ganho em 2019/20.

“Estou a perder energia”, lamentou Klopp ao explicar a saída. Quer viver e vai parar. Até quando? Não sabe. E os reds têm outra vez medo que volte a escuridão...

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