A artilharia pesada de Arteta
APESAR DO REGISTO RECENTE, O ARSENAL NÃO É TOTALMENTE FIÁVEL NO PROCESSO DEFENSIVO
çFiel a uma organização estrutural em 4x3x3, o Arsenal apresenta uma enorme flexibili- dade tática, suportada por veementes trocas posicionais. O que torna os gunners tremendamente pungentes no processo ofensivo, pela facilidade e diversidade com que criam situações de finalização em ataque posicional, como também na metamorfose da transição ofensiva em veementes contragolpes, ou no aproveitamento feroz de lances de bola parada.
Capaz de se instalar
com bola no meio-campo ofensivo, perscrutando com voracidade os três corredores, ainda que de forma mais perigo- sa à direita, o Arsenal é acutilan- te a estabelecer combinações a alta velocidade e a colocar, com frequência, 5-6 jogadores a toda a largura do último terço em condições de finalizarem as jo- gadas. Apesar da propriedade para criar oportunidades a partir de passes de rutura desde o corredor central ou de buscar o arco rival através de remates de fora da área, muitas vezes a partir de iniciativas individuais, existe uma maior tendência para in- dagar o jogo exterior para chegar a situações de remate. Depois, a partir de posições mais baixas, a formação de Arteta define bem zonas de pressão, e assim que recupera a bola mostra uma capacidade tremenda para verticalizar o jogo, chegando, com poucos toques e uma contundência arrebatadora, à baliza oposta. E, mesmo não sendo uma equipa impositiva nos due- los aéreos, é muito feroz no ataque à segunda bola na sequência de cantos e livres laterais.
Apesar das benfeitorias exibi- das ao longo do último mês, o
Arsenal não é uma equipa totalmente fiável no processo defensivo. O guardião David Raya cedeu em momentos nu- cleares, não mostrando argumentos para fazer a diferença. Além disso, são notórias vulnerabilidades no momento de transição defensiva, apesar de se tratar de uma formação reativa à perda. Só que o envolvimento de muitos jogadores no processo ofensivo faz com que a equipa se parta com alguma facilidade. Juntam-se ainda os riscos assumidos na construção, que poderão redundar em recuperações em zonas altas. Em organização defensiva, de- notam-se algumas arduidades para fazer face a um jogo mais vertical. Por fim, a defesa de bolas paradas laterais, onde opta por uma defesa mista com clara predominância pelo individual, é falível face a ações de antecipação ao primeiro poste e na cobertura do segundo poste, espaço, por norma, mais desprotegido.