Record (Portugal)

“SÉRGIO TEM QUALIDADE PARA A PREMIER LEAGUE”

Aos 47 anos, o antigo capitão do Arsenal avisa que não há favoritos no duelo com o FC Porto. Vê duas equipas competitiv­as e treinadore­s apaixonado­s pelo jogo

- RUI SOUSA

No regresso da Liga dos Campeões temos um FC Porto-Arsenal. O que espera do jogo?

GILBERTO SILVA – Um bom jogo, acima de tudo, até porque as duas equipas precisam de um bom resultado. Não se coloca aquela situação de segurar um pouco, porque são apenas dois jogos, é um ‘knock out’, um bom resultado no primeiro encontro vai fazer uma grande diferença para o segundo. Quem tiver o melhor resultado transfere a pressão para o adversário. Estou à espera de um belíssimo jogo.

Ⓡ Acha, por isso, que as duas equipas vão arriscar? Não ficarão na expectativ­a?

GS – Acho que vão arriscar. O FC Porto, por jogar em casa, com o apoio dos seus adeptos, é uma equipa que já venceu a competição e vai querer ter um bom resultado. Sabe da importânci­a que é começar bem neste primeiro jogo para levar a decisão para

Londres, onde normalment­e é mais difícil. Mas acredito também que o Arsenal não vai ficar acomodado, aguardando o FC Porto, vê-lo a tomar a iniciativa. O Arsenal também vai fazer a sua proposta de jogo, tentar fazer um bom resultado para depois procurar definir em sua casa. É essa a minha expectativ­a, que não seja um jogo fechado. Queremos um jogo bem jogado, bem disputado e com golos, acima de tudo.

Consegue apontar algum favorito nesta eliminatór­ia?

GS – Nesta fase não há um favorito. O FC Porto tem uma boa equipa, um grande treinador, que é o

Sérgio, que tem feito um belíssimo trabalho com a equipa, já há alguns anos, com jogadores que têm feito muita diferença. O Arsenal, nestes últimos dois anos, tem crescido cada vez mais, voltando a ser uma equipa cada vez mais competitiv­a. O grupo está muito forte e tem conseguido resultados que dão confiança a todos os jogadores, mas nesta fase da competição você pode ter uma grande equipa, pode fazer o melhor jogo, e mesmo assim ser eliminado da competição. Para mim, não há um favorito. Talvez muitos escolham o Arsenal, por se tratar de uma equipa da Premier League, mas nesta fase de uma competição como a Champions não há favoritos.

Como vê as duas equipas nesta fase da época?

GS – O FC Porto faz prevalecer a sua força, principalm­ente em Portugal. É uma equipa competitiv­a, com um treinador competitiv­o, que tem uma mentalidad­e vencedora e que exige dos seus atletas. É da praxe ter grandes comandante­s, grandes treinadore­s nas grandes equipas, que exigem um alto desempenho dos seus atletas, é normal. No Arsenal, se olharmos desde a chegada do Arteta para cá, ele tem conseguido fazer modificaçõ­es na equipa, alterações de jogadores, saída de uns e chegada de outros. Não é de hoje que a gente consegue olhar para o Arsenal e ver a equipa do Arteta, uma equipa competitiv­a, uma equipa jovem, que na época passada ficou muito próxima da conquista da Premier League. Acredito que a sensação de deceção por ter estado tão próximo e não ter conseguido pode ser um fator extra para uma nova conquista. Quando se perde uma grande oportunida­de, um jogador de futebol quer voltar logo. Se perder hoje, quer jogar no dia seguinte para procurar vencer e eliminar aquela frustração. No caso do Arsenal, acredito que a sensação seja essa. Na época passada esteve próximo de uma conquista importante, que seria vencer a

“QUEM TIVER O MELHOR RESULTADO TRANSFERE PRESSÃO PARA O ADVERSÁRIO. ESPERO UM BELÍSSIMO JOGO.”

Premier League depois de praticamen­te 20 anos, mas não aconteceu. Esta época está a caminhar para conseguir ter uma nova oportunida­de, o que também não vai ser fácil, mas a Champions League não deixa de ser um sonho de todos.

Falou em Sérgio Conceição, destacou o seu espírito guerreiro... Ele está em final de contrato com o FC Porto, imagina-o a treinar na Premier League?

GS – O Sérgio já mostrou a qualidade dele numa grande equipa, uma equipa vencedora, com tradição, como é o FC Porto. Tem total capacidade, até porque, dentro do que consigo ver do lado de fora, tem liderança, talvez fosse um desafio bom para ele. Os grandes treinadore­s gostam de grandes desafios e ele tem um histórico enquanto jogador, com grandes desafios na carreira. Tornou-se treinador, que é um gestor de pessoas, por que não um novo desafio? Pode ser, tem total capacidade para isso. Um treinador que sai de um clube como o FC Porto tem de olhar para um patamar onde estão talvez os maiores desafios de hoje, ou seja, sem dúvida, na Premier League.

Vê nas duas equipas a paixão dos seus treinadore­s? É também um aliciante para este jogo?

GS – Claro. Vê-se a paixão de cada um do tempo em que jogavam, trazem toda essa sua paixão para o lado de fora do relvado. A gente consegue perceber isso muito bem, a alegria, a frustração, a forma como procuram chamar a atenção a cada jogador para um jogo como este, com uma pressão muito grande. É isso que faz a diferença nesses profission­ais para terem chegado ao patamar em que estão, mantendo acesa a chama da paixão que têm pelo futebol e por vencer. *

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