Record (Portugal)

O chapéu de coco inglês

- Nuno Encarnação Gestor

Galeno tirou o chapéu ao Arsenal, aos 94 minutos. Os chapéus de coco ingleses eram muito usados até aos anos 60. Galeno quis homenagear todo o Dragão ao desenhar um chapéu duro e de copa redonda.

Contra todas as estatístic­as,

o Porto venceu sem medo o gigante Arsenal. O Porto soube ser humilde, dando bola e posse ao Arsenal. Os londrinos sentiram-se de tal forma confiantes que acharam que ter bola a maior parte do tempo daria vitória pela certa.

Aos 11 minutos, o Arsenal tinha 82% de posse de bola e aos 45 minutos, 71%.

O Porto vinha de jogos sofríveis, de exibições sem alegria contra equipas inequivoca­mente mais fracas. O gigante Arsenal marcara nos últimos três jogos 14 golos, três dos quais numa vitória clara sobre o Liverpool, por 3-1.

Conceição percebeu no seu sétimo ano como jogar contra equipas inglesas.

Quis jogar de igual para igual contra o Liverpool em três edições na Champions e os resultados foram catastrófi­cos, ao encaixar 14 golos em casa. Tinha perdido por dois contra o Chelsea, em 2021, e obteve um empate a zero contra o City, nessa mesma época, depois do desaire em Manchester.

As equipas inglesas eram o calcanhar de Aquiles de Conceição.

Este plantel do Arsenal tem um valor de mercado quatro vezes superior ao do Porto. Repito, quatro vezes superior. Conceição percebeu que as bancadas estavam desunidas e que muitos dos sócios têm virado as costas ao próprio campo.

Zaidu sofrera dias antes uma grave lesão e Taremi claudicou em pleno treino,

aumentando o lote de baixas para este decisivo encontro. O treinador do Porto lançou em campo o recém-contratado Otávio. Um menino de 21 anos que chegou há um ano a Portugal, mas sempre acompanhad­o por Pepe.

Os jogadores deram tudo.

Francisco Conceição, Varela, Wendell e Galeno foram os grandes rostos do sacrifício. As duas equipas respeitara­m-se desde o primeiro ao último minuto. Mas era o Porto que colocava velocidade no jogo sempre que espreitava uma boa oportunida­de de progredir em campo.

Arteta ajoelhou-se ante este Porto e perante o nosso público.

O Arsenal acertou zero vezes na baliza do Porto e o corredor esquerdo do Dragão transformo­u o jogo de Saka num deserto.

Daqui a 18 dias o Porto irá a Londres.

Terá de se fechar que nem uma concha como Mourinho o fazia tão bem. Terá de sofrer, mas acreditar e passar para perpetuar a história de cada um destes jogadores e deste técnico oriundo de Coimbra.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal