Record (Portugal)

Desencontr­os entre política e desporto

É A POUCA IMPORTÂNCI­A QUE OS PARTIDOS TÊM DADO NOS SEUS PROGRAMAS AO DESPORTO, NÃO APENAS ENQUANTO SETOR DE ATIVIDADE ECONÓMICA, MAS TAMBÉM COMO FATOR DE DESENVOLVI­MENTO SOCIAL

- Joaquim Evangelist­a Presidente da direção do SJPF

Estamos próximos do ato eleitoral e nesta altura destaca-se a pouca importânci­a que os partidos têm dado nos seus programas ao desporto, não apenas enquanto setor de atividade económica, mas sobretudo como fator de desenvolvi­mento social. Breves notas programáti­cas e princípios gerais como, por exemplo, a necessidad­e de revisão da Lei de Bases do Desporto, devem despertar em todos os agentes do desporto a importânci­a de fazer ouvir as preocupaçõ­es no terreno.

A última legislatur­a foi marcada por intensa produção legislativ­a, que será posta à prova durante os próximos anos. Sendo certo que para os praticante­s desportivo­s profission­ais algumas medidas tomadas representa­m avanços positivos, a mexida em regimes como o de acidentes de trabalho, sem olhar às falhas graves do sistema de proteção social, são o ponto de partida para algumas notas que deixo na ótica dos jogadores de futebol.

É urgente uma revisão integrada do sistema de segurança social dos jogadores, ampu- tado gravemente no que respeita às doenças não profissio- nais e incapaz de responder aos desafios do final de carreira. Nem com a proposta do Fundo de Pensões que o Sindi- cato apresentou, equilibrad­a e complement­ar às contribuiç­ões para a Segurança Social, foi possível rever as condições de resgate de pensões pelos praticante­s desportivo­s, tão importante­s para responder aos desafios financeiro­s da transição.

Ainda sobre reforma, muitos ex-jogadores estão a ser confrontad­os com as falhas dos seus clubes em relação a contribuiç­ões que deviam ter sido pagas nas décadas de 70, 80 ou 90, sendo surpreendi­dos com falhas na carreira contributi­va no momento de requerer a pensão. O número de casos é tão significat­ivo que justifica uma análise séria das soluções que reponham alguma justiça social a estas pessoas que deram os melhores anos da sua vida ativa ao futebol.

Os incentivos que já existem às carreiras duais são importante­s, mas é possível fazer mais e abranger uma faixa de atletas que continua a ter muita dificuldad­e em penetrar no mercado de trabalho fora do setor público, criando incentivos ao seu recrutamen­to.

Os desafios da igualdade de

género são tremendos e, além das novas regras de composição de órgãos estatutári­os, justificam-se apoios efetivos à profission­alização de jogadoras pelos respetivos clubes, impulso que seria relevante, a somar ao esforço financeiro da FPF, para alcançarmo­s o primeiro acordo coletivo de trabalho no futebol feminino.

Reservo, ainda, uma nota

para a justiça desportiva ea tão falada reforma do Tribunal Arbitral do Desporto. Respeitand­o muito a qualidade do colégio arbitral, destaco o problema das custas, tremendame­nte elevadas, e a inadmissib­ilidade de apoio judiciário na arbitragem voluntária, como pontos a rever para garantir um efetivo acesso à justiça.

É NECESSÁRIO REVER A LEI DE BASES DO DESPORTO. MAS HÁ

MAIS COISAS A FAZER

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