Andreas Brehme: o campeão
para todos os gostos
çPé direito, pé esquerdo. Em clube grande ou clube pequeno. A lateral, central ou médio. Em liga domésticas ou em Campeonatos do Mundo. Andreas Brehme foi campeão em todas as formas e palcos. Super-herói do jogo, ficou para sempre lembrado pelo penálti inclemente anotado no final do Itália’90, que valeu o título mundial e a vingança sobre a Argentina de Maradona, mas a vida de Andi conta muitas mais histórias.
Nascido em Hamburgo,
onde a temperatura interior de muita da população é inferior à fria temperatura ambiente, Andreas cedo mostrou dotes e fibra de jogador, mas não foi nos grandes clubes locais que singrou. Depois de se iniciar nos amadores do HSV Barmbek-Uhlenhorst, foi detetado e contratado em 1978 pelo Kaiserslautern, clube que andava desencontrado com a glória desde os anos 1950, quando Fritz Walter apaixonou toda a então República Federal Alemã.
Além da raça e da vontade de vencer contagiante,
Brehme destacava-se por ser ambidestro e pelos seus cruzamentos geométricos. Foi muito por obra e graça das suas virtudes que o Kaiserslautern voltou a levantar troféus (as Taças da
Alemanha de 1983/84 e 1984/85). A chamada à seleção germânica foi um natural passo seguinte, assim com o ingresso no Bayern Munique, onde só mesmo a gesta do FC Porto em Viena o impediu de ser campeão europeu, em 1987, depois de acabar em primeiro na Bundesliga desse mesmo ano.
Se muitos falam do trio holandês mágico do Milan,
é importante não esquecer um não menos fantástico trio germânico do Inter, quando Itália era o topo dos topos em termos de ligas europeias. Só mesmo os nerazzurri de Brehme, Matthäus e Klinsmann foi capaz de ranger os dentes e estar na primeira linha de discussão com o rival rossonero. O trio de aço ajudou o Inter a vencer a Serie Ae a Supertaça em 1988/89, assim como a Taça UEFA de 1990/91, antes de mergulhar num período de seca.
Mas a melhor hora
de Brehme surgiu ao minuto 85 da final do Itália’90, frente à Argentina, isto depois de ter perdido o torneio quatro anos antes para um irresistível esquadrão liderado por Maradona. O jogo em Roma estava a ser sensaborão e só foi ligado à eletricidade pelo penálti calmo, preciso e rente ao poste de Andi, o qual só à última hora decidiu bater de pé direito – costumava enviar mísseis de canhota da marca de 11 metros. E o castigo máximo foi anotado a Goycochea, que andava intratável na especialidade. A Alemanhã deixou Maradona e a Argentina em lágrimas e Brehme continuou na senda das conquistas, desafiando a lógica.
Depois de passar pelo Zaragoza,
Andi voltou a um Kaiserslautern que em 1998 espantou o mundo: foi a primeira equipa a vencer a Bundesliga logo no ano a seguir a voltar do segundo escalão.
Brehme só foi parado
pelo coração no passado dia 20. Tinha 63 anos. Nunca chegou a saber qual era o seu melhor pé...
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