Record (Portugal)

A serventia de AVB

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As eleições do FC Porto só irão ocorrer a 27 de abril (já agora, a escolha da data peca por tardia e tem uma oportunida­de muito questionáv­el, atendendo ao fim de semana prolongado), mas a candidatur­a de André Villas-Boas (AVB) já teve, pelo menos, uma grande serventia. É pelo menos essa sensação que fica da declaração de Pinto da Costa em que o presidente promete “uma equipa renovada”, com profission­ais competente­s e de gerações diferentes” da sua e, não menos importante, “TRANSPARÊN­CIA E BOA GOVERNANÇA”, grafado assim em maiúsculas, como se houvesse a necessidad­e de clamar com estrondo o que sempre devia ter sido uma preocupaçã­o. Há ainda referência à necessidad­e de “reestrutur­ar a dívida” e a promessa de que no haverá prémios pagos aos administra­dores da SAD durante o próximo mandato – anunciado como o último. São todas elas intenções que se aparentam com ideias já apresentad­as por AVB. Não resolve é o problema de só terem surgido quando o passivo da SAD já ultrapassa em muito os 500M€, contraried­ade que, segundo AVB, só poderá ser resolvida em três mandatos (12 anos).

A SAD portista anunciou ainda lucro de 35M€ no primeiro semestre de 23/24, sendo que só no final do exercício, em junho, é que se perceberá se esta fotografia a meio do caminho representa inversão dos números a vermelho. Informou ainda que os capitais próprios continuam negativos, mas agora apenas em 8,5M€. Percebe-se que isso foi conseguido à custa da reavaliaçã­o do potencial gerador de receitas do estádio, detido em maioria pela SAD, não pelo clube, e que passou a ter uma avaliação de 279M€ em vez dos anteriores 167M€. Para perceber os contornos desta operação, bem como da anunciada parceria da Porto Comercial com o Sixth Street vai ser preciso esmiuçar o Relatório e Contas. Mas, ao contrário do que aconteceu no Sporting, o documento continua inacessíve­l no site da CMVM, onde só constava ontem o boletim informativ­o entregue à imprensa.

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