“AMORIM JÁ DEVIA ESTAR NUM ARSENAL OU CHELSEA” TALISCA
Longe de Portugal há quase uma década, o atual colega de CR7 no Al Nassr não esquece o ex-companheiro no Benfica. Sobre as águias, elogia Rui Costa e conta como ajudou Arthur Cabral
çPara os adeptos de Portugal perceberem a diferença: o Talisca jogou dérbis, clássicos... um Al Nassr – o seu atual clube – contra o Al Hilal, é algo deste género?
TALISTA – É o mesmo ambiente, sem dúvida. Dos adeptos ao campo, não vejo grandes diferenças…
+Por falar em Porugal, falemos do Benfica, o seu primeiro clube após sair do Brasil. Acompanha?
T – Sim, algumas coisas, mas não muito – é mais pelas redes sociais. Assisto a alguns jogos, clássicos, Liga Europa, é mais por aí…
+Já não resta muita gente do seu tempo. Ainda há Rui Costa ou Luisão... Por exemplo, surpreendeu-o a chegada do primeiro à presidência do Benfica?
T – Não, de todo! Sempre foi muito tranquilo, alguém que lutou sempre pelo Benfica. Não é mesmo uma surpresa... Achei que era o passo natural, de uma pessoa fantástica, que fez o Benfica campeão de novo passados alguns anos. E já como jogador era fantástico.
+Luisão também integra os altos quadros – é diretor-técnico.
T – Outra pessoa fantástica, que mostrou sempre uma liderança muito grande, então como capitão, algo muito importante num clube com a dimensão do Benfica.
+Houve algo que mudou: Rúben Amorim, que foi seu colega de plantel, treina hoje um velho rival do Benfica, o Sporting...
T – O gajo está em grande, hein?! Tenho acompanhado muito o trabalho dele. Ele jogava a médio e eu ainda fiz alguns jogos com ele [n.d.r: partilharam o campo em 10]. Já sabia que ele ia virar treinador… Dava logo para perceber.
+Pode explicar-nos o porquê?
T – Porque já dava para sentir que ele ia dar treinador. Ele dizia-nos muitas vezes: eu vou ser bom, vão ver! Era muito inteligente taticamente. Nem corria muito, queria a bola no pé, construir jogo… Nós perguntávamos: como é que consegues? Sempre foi alguém muito inteligente dentro de campo. O que ele está a fazer, só é surpresa para quem não conviveu com ele quando nos tempos de jogador, porque sempre foi alguém muito bom taticamente, inteligente e, acima de tudo, bastante humilde.
+A verdade é que Amorim fez o Sporting campeão após 19 anos sem um campeonato e, esta época, está novamente na luta pelo título, em disputa com o Benfica...
T – É o trabalho! Não deu para ser no Benfica, teve de ser noutro clube. É uma pessoa espetacular!
+Vê-o muito tempo no Sporting ou já o vê noutras aventuras?
T – Acho que está na hora de treinar um clube de outra dimensão, um Arsenal, um Chelsea – aliás, já devia estar lá. A carreira dele vai ser fantástica. Só precisa de continuar a fazer o que está a fazer!
+O Benfica tem alguns brasileiros: Morato, David Neres, Arthur Cabral, Marcos Leonardo...
T – [Interrompe] O Arthur Cabral! Eu praticamente criei-o. Ele viveu na minha casa, então no Brasil. O primo dele, o Hugo, também joga [no Sampaio Corrêa, do Rio de Janeiro]. Quando ele foi jogar para o Bahia e coincidiu comigo, lembro-me do Arthur criança. Ficava todos os dias na minha casa, com o meu primo Edson, que hoje, por acaso, joga em Portugal, no Moura [clube do Alentejo]. Lembro-me
“O RÚBEN ESTÁ EM GRANDE, HEIN? O QUE ESTÁ A CONSEGUIR É FRUTO DO SEU TRABALHO. SEI QUE VAI TER UMA CARREIRA FANTÁSTICA!”
“CONHEÇO O ARTHUR CABRAL DESDE CRIANÇA. VIVEU NA MINHA CASA! SEMPRE FOI UM LUTADOR E SEI QUE SÓ PRECISA DE CONFIANÇA”
do Arthur e de uma infância fantástica; uma criança forte, lutadora… Treinava com o meu primo Edson, no Bahia, e passava muito tempo na nossa piscina. Às vezes ainda conversamos e lembramos esses tempos. O que construiu e está a construir, merece. Como jogador, só precisa de confiança.