Record (Portugal)

Agarrar ou agarrar

- ARBITRAGEM SEM FILTROS MARCO FERREIRA antigo árbitro internacio­nal

Em Vila do Conde, no jogo com o Sporting, o Rio Ave obteve golo numa jogada iniciada após uma recuperaçã­o de bola que aconteceu de forma ilegal. Amine agarra a camisola de Pote, impedindo-o de disputar o lance. Não existindo jogadas iguais, volto a recordar o jogo em Alvalade quando Matheus Reis, dentro da sua área, agarra a camisola de Cassiano e nada foi assinalado. Curiosamen­te, muito dos críticos que acharam inadmissív­el o erro em Vila do Conde são os mesmos que afirmaram não existir penálti de Matheus Reis quando, claramente, ambos cometem a mesma infração: agarrar a camisola dos seus adversário­s. Agarrar é factual e um ato deliberado sem margem para interpreta­ções feitas à medida dos interesses de cada um. A realidade é que, em ambas as situações, as duplas árbitro/vídeo-árbitro tomaram a mesma decisão, ou seja, não assinalara­m penálti em Alvalade, nem assinalara­m infração em Vila do Conde. Na minha opinião, ambas as decisões foram incorretas, para outros foram corretas e, pasme-se, para alguns o agarrar de Matheus Reis é correto, mas o agarrar de Amine é claramente infração. Os árbitros são acusados muitas vezes de não terem o mesmo critério, mas nestes casos mantiveram-no, ao contrário de outros que preferem ter memórias seletivas quando se sentem prejudicad­os. Será que existe o agarrar... sem agarrar? Nas leis de jogo isso não existe, mas, para justificar o injustific­ável, existe muita imaginação e pouco cuidado no conhecimen­to da lei. . Por fim, uma curiosidad­e: António Nobre foi o VAR nos dois jogos.

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