Dérbi sem amanhã
SCHMIDT E AMORIM TÊM HOJE A PALAVRA, MAS A APOSTA MAIS SEGURA É QUE AMBOS OS TÉCNICOS FARÃO ALINHAR OS ONZES MAIS FORTES DO MOMENTO
Se um Sporting-Benfica não fosse sempre um embate intenso, como se não houvesse amanhã, as conjunturas interna e europeia aconselhariam os dois treinadores a gerir os seus plantéis de forma a preservar alguns dos melhores e mais desgastados jogadores. Mas essa prática prudente só seria possível se o jogador entrasse no boletim clínico.
Nenhum treinador arriscaria a sua ligação
aos adeptos para poupar um Rafa ou um Gyökeres, tão necessários para a conquista do título nacional ou para a campanha europeia. Schmidt e Amorim têm hoje a palavra, mas a aposta mais segura é que ambos os técnicos farão alinhar os onzes mais fortes do momento.
Também os atletas não querem passar ao lado
deste dérbi. O estádio estará recheado de olheiros dos clubes milionários. Todos os holofotes acesos. Pontos perdidos em Vila do Conde, Famalicão ou –é o caso do Benfica, já no domingo – no Porto, são estruturalmente mais severos do que um jogo menos conseguido esta noite. Mas ninguém está disponível para esse calculismo. Hoje, é dia de pôr a carne toda no as- sador, como escreveu na pedra o mestre Quinito. Hoje é dia de Sporting-Benfica. Enquanto o jogo durar, não há amanhã.
Partiu faz hoje uma semana. Artur Jorge tem um lugar
destacado na história do futebol português, pelo primeiro título europeu que deu ao FC
Porto (contando com Octávio Machado como leal e poderoso adjunto) e por ter sido o primeiro técnico luso a emigrar com sucesso para um campeonato do primeiro mundo. Foi campeão de França em 1993/94 aos comando do Paris Saint-Germain.
Recheada de grandes jogadores, essa maravilhosa equipa
apresentou uma inovação nos cantos e livres laterais ofensivos. O método deveria ser revisitado por algum ousado técnico atual. Bolas batidas com o pé contrário, por Valdo, na esquerda, ou Ginola, na direita, encontravam antes do segundo poste, ainda com bom ângulo para a baliza, uma cabeça que se elevava de um cacho de três jogadores. Cada um formava o salto vindo de espaços diferentes, até se encontrarem na elevação coletiva. Normalmente, era Ricardo Gomes o intérprete que subia mais alto. Se a imagem parasse no momento de contacto da cabeça com a bola, dir-se-ia estarmos perante uma escultura épica, daquelas que eternizaram heróicas vitórias em grandes batalhas.
A montagem e execução
desta jogada revelou-se muito eficaz, pois o apoio dos braços nos ombros de jogadores da mesma equipa, como é sabido, não constitui falta.
Há uma semana, partiu um grande general.
O ESTÁDIO ESTARÁ RECHEADO DE
OLHEIROS DOS CLUBES MILIONÁRIOS