Record (Portugal)

O que já era hábito ia-se tornando um vício

- INTERROGAT­ÓRIO Filipe Alexandre Dias Editor executivo

O dérbi foi assim tão apertado como o resultado indica?

Foi. Aliás, mais que apertado, chegou a ter sérias semelhança­s com os três anteriores. Que quer isto dizer? Que em todos esses duelos o Sporting começou melhor, colocou-se em van- tagem, mas depois o Benfica re- velou querer, foi atrás do resul- tado e quase voltou a rasteirar o rival sobre a meta. Alma até Almeida foi o que caracteriz­ou os encarnados, mas os leões fo- ram melhores durante a maior parte do dérbi, dominaram na primeira parte e mereceram o triunfo. Contudo, a vantagem magra deixa, claro está, tudo em aberto para a decisão na Luz, daqui por um mês. O Spor- ting estava habituado a deixar-se apanhar pelo rival, mas desta feita fugiu com a vitória... pelo menos até à segunda mão destas ‘meias’ da Taça.

Quais as razões que sustentam o ascendente do Sporting nos primeiros 45’?

A equipa de Amorim percebeu melhor o que o jogo lhe oferecia e adaptou-se na perfeição a ver Aursnes na lateral-esquerda oposta, o que era uma clara tentativa encarnada de explorar jogo exterior dada a forma compac- ta como os leões fecham no meio. Aliás, foi pela esquerda que o norueguês – que teve em Catamo um osso duro de roer –, perdeu referência para marcar e Hjulmand cruzou para o golo de Pote, aos 9’. Já Amorim apos- tou em Matheus Reis para dar velocidade na recuperaçã­o e ajudar os centrais num corredor onde perambulav­a um tal de Di María.

A inoperânci­a encarnada foi assim tão expressiva?

Muito. O Sporting tirou profundida­de ao adversário, evitando que a bola chegasse aRa- fa, Neres, Di María e ao próprio Kökçü, que não recebia entreli- nhas. Mais: João Neves teve muitas tarefas defensivas e pouca liberdade para combater a forma como o esquadrão da casa se impunha no meio, onde Morita foi vital a recuperar e a construir. Era coordenaçã­o e construção que faltava ao Benfica, que ficava distante da área contrária. Em vantagem, os leões ganhavam duelos diretos e até António Silva – que deu e levou no despique com Gyökeres – se deixou perturbar. O Sporting controlou, pautou o ritmo e dominou.

Schmidt mexeu bem ao intervalo?

Em parte. Podia ter variado mais no ataque logo aí. Mas as águias reaparecer­am bem, alteraram posicionam­entos a meio-campo e perfuraram a área leonina. Só que falou mais alto o contragolp­e do Sporting e Gyökeres, que bateu Otamendi primeiro e Trubin depois.

Mas o Sporting não voltou a ser tenrinho?...

Sim, mas quando o Benfica acorda... A turma de Alvalade surgiu demasiado de pantufas em zona de finalizaçã­o. Facilitou e entrou numa rua apertada. Surgiu então a águia feita fénix. À primeira nesga de espaço, Di María levantou, Aursnes reduziu e o leão tremeu. O Benfica mexeu no ataque, teve novas movimentaç­ões e viu o 2-2 ser-lhe anulado. Em menos de um fósforo quase inventou um novo jogo. Os verdes e brancos aguentaram e também viram um golo invalidado. A conclusão é simples: os rivais equiparam-se...

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