O que se julga e o que é

É NATURAL QUE RÚBEN AMORIM FIGURE NAS PREFERÊNCIAS DO LIVERPOOL PARA SUBSTITUIR JURGEN KLOPP. UMA DOR DE CABEÇA EM ALVALADE NO DIA EM QUE ELE SAIR

As recentes declarações de Roger Schmidt - quando as faz, coisa rara, e não foge ao confronto com os jornalistas - evidenciam que ele se julga a última Coca-Cola do deserto. Não sei se é sinal de motivação e autoconfiança ou apenas estupidez e falta de conhecimento da história do Benfica, mas inclino-me mais para esta segunda hipótese.

O alemão que brilhou na época transacta

não está neste momento (escrevo antes do jogo da Taça de Portugal em Alvalade) ungido a criatura divina pelas bancadas, porém, também já sabemos que esse barómetro oscila vertiginosamente consoante uma vitória clamorosa ou uma derrota trágica.

Os adeptos reconhecem o esforço financeiro da SAD

encarnada para dotar o plantel de pedras de elevado quilate, enquanto embirram com a falta de jogo de cintura e obstinação cega de Roger Schmidt na teimosia de manter uma série de opções erráticas e substituições discutíveis.

Mantém-se na linha da frente no campeonato, Liga Europa e Taça de Portugal,

contudo, ele não tem o toque de Midas de

Sérgio Conceição que conseguiu inúmeros títulos sem investimento comparável e nun- ca será para a tribuna da Luz um imortal na linha dos melhores treinadores da história do clube.

Por isso foi importante o em- bate de ontem entre o que se julga e o que é um grande trei- nador. Se há dúvidas sobre o alemão, não há nenhum adepto que não reconheça o gigantesco trabalho de Rúben Amorim no Sporting e que já é digno de figurar como um dos melhores técnicos da história do clube, não só pelos títulos conquistados mas também pelos talentos que burilou, promoveu e vendeu, proporcionando uma saúde financeira ao leão que a muitos daria jeito. É natural que figure nas preferências do Liverpool para substituir o mítico Jurgen Klopp. Uma dor de cabeça em Alvalade, no dia em que sair.

PS: Ao fim de 40 anos no poder, Pinto da Costa está viçoso como nunca na apresentação de propostas e no anúncio que a administração da SAD não receberá prémios. Os mesmos que já recebeu no passado em épocas sem títulos e com gestão no vermelho. Um sinal de que a candidatura de André Villas-Boas vai no bom caminho para pelo menos conseguir melhorar as práticas financeiras no FC Porto.

PS2: mais uma temporada genial de ‘Drive to Survive’ na Netflix. A série que devolveu a tantos como eu a paixão pela Fórmula 1, que arranca hoje com os testes de qualificação. O episódio sobre a Mercedes com o diálogo para a renovação do contrato entre Toto Wolff e Lewis Hamilton é absolutamente fabuloso agora que sabemos que o inglês irá vestir a camisola Ferrari no próximo ano.

SCHMIDT NÃO TEM O TOQUE DE MIDAS DE CONCEIÇÃO. NUNCA SERÁ IMORTAL NA LUZ