O estranho caso dos olés- -precoces
OS BENFIQUISTAS NÃO PODEM LAMENTAR O RESULTADO DO DÉRBI, FOI LISONJEIRO. O QUE OS BENFIQUISTAS NÃO SE DEVEM COIBIR DE LAMENTAR É QUE O PÚBLICO DA CASA SÓ TENHA COMEÇADO A CANTAR “OLÉS” AOS 65 MINUTOS, ATRASANDO A REAÇÃO DA SUA EQUIPA
Os benfiquistas não podem lamentar o resultado em Alvalade, foi lisonjeiro. Nem devem lamentar decisões do árbitro e do VAR, parece mal. O que os benfiquistas não se devem coibir de lamentar é que o público da casa só tenha começado a cantar “olés” aos 65 minutos, atrasando a reação da sua equipa. E, pelo terceiro dérbi consecutivo, o Benfica cresceu e marcou depois dos “olés”. É o estranho caso dos olés-precoces. Acontecera assim nos dois últimos dérbis para a Liga e voltou a acontecer anteontem. Aos 65 minutos, finalmente, lá vieram os “olés” e o Benfica fez dois golos de rajada. O segundo não valeu, paciência. Também não se pode ter tudo. João Mário, tido em Alvalade como um trânsfuga, aguentou-se bem com os assobios das bancadas. A sua exibição não sofreu nada de especial perante a hostilidade e esteve alinhada com as suas anteriores performances. Sangue-frio de João Mário? Nada disso. São apenas os efeitos de uma praticada arte de resistência. João Mário está tão afeito a ser assobiado na Luz pelos adeptos do Benfica que não se mostrou nem um pouquinho condicionado pelos assobios dos adeptos do Sporting em Alvalade. Foi o mesmo João Mário. É questão de hábito.
José Mourinho esteve na quinta-feira em Alvalade.
Há tempos foi ao Bonfim ver um jogo do Vitória. Atualmente sem clube (não deve estar preocupado com isso), Mourinho não falhou os últi- mos três jogos do Benfica. Es- teve na Luz por ocasião do Benfica-Vizela e, logo a seguir, voltou para o Benfica-Portimonense.
Na quinta-feira foi ver o dérbi. A assiduidade de Mourinho nos jogos da equipa de Roger Schmidt permite aos especuladores todo o tipo de especulações. Já a justificação mais óbvia e mais racional nunca é admitida porque estraga o suspense. O treinador está a viver no seu país, coisa rara, e goza o privilégio de se sentar na bancada como um cidadão comum embora seja sempre apanhado por uma câmara, o que é perfeitamente normal porque Mourinho, de facto, não é um cidadão comum. É um treinador profissional altamente qualificado. O que permite lançar uma questão muito específica. De todos os jogadores do Benfica que José Mourinho tem visto em ação, qual gostaria de levar consigo para o seu próximo clube? Sintam-se livres de avançar com nomes, afeições pessoais, argumentos e contra-argumentos. Cá por mim apostava que José Mourinho levaria Fredrik Aursnes consigo para onde quer que fosse. Anteontem foi lateral-direito, lateral-esquerdo e ponta-de-lança marcando o golo que consentiu ao Benfica sair inteiro de Alvalade. Fredrik Aursnes é um privilégio para qualquer treinador embora este seja um conceito discutível. Por exemplo, para Roger Schmidt também “Florentino Luís é um privilégio para qualquer treinador”, mas raramente o coloca a jogar.
QUE JOGADOR DO BENFICA LEVARIA MOURINHO CONSIGO PARA O SEU PRÓXIMO CLUBE?