Record (Portugal)

O soltar do(s) prisioneir­o(s)

- LADO B

As poucas menos de 72 horas que mediam o fim do dérbi ante o Sporting com o primórdio do clássico ante o FC Porto deviam servir para Roger Schmidt perceber o que pretende conceber ante uma equipa que dificilmen­te não se impõe na vertente estratégic­a, por mérito esdrúxulo do seu treinador. Falta – agora – tempo de treino para fazer grandes ajustes, e, como Record avançou há algumas edições, um indispensá­vel trabalho de vídeo aturado sobre os adversário­s. O que, em março de 2024, é inconcebív­el num clube com a dimensão do Benfica. A experiênci­a com falso nove em Alvalade foi uma mão cheia de nada, expondo as feridas infindas de um processo coletivo distante do que se justificar­ia quando se estão prestes a cumprir dois anos de trabalho como treinador das águias. Sempre em quebra. Também no que concerne à estagnação de vários jogadores, que parece ter medo de lançar mais do que meia dúzia de minutos para que não tenha problemas de gestão de balneário. Isto quando possui o plantel com mais qualidade individual do ludopédio indígena. O que tem sido a tábua de salvação do teutónico. Em Alvalade, tanto do ponto de vista defensivo, com uma inacreditá­vel falta de preparação para pressionar uma equipa fiel a uma estrutura e a um ideário, como no capítulo ofensivo, não criando soluções para introduzir os desequilib­radores – Di María, Neres, Rafa e Kökçü –, a exibição namorou o pífio na etapa inicial. Até que a entrada de Tengstedt para o papel de referência ofensiva libertou Di María, Kokçu e Rafa, dando um novo colorido ofensivo ao coletivo. Mas seria a decisão de Di María em se deslocar para a esquerda, entre Catamo e Quaresma, a fazer os encarnados reentrar no jogo e na eliminatór­ia. Primeiro, num cruzamento cirúrgico, após até aí uma quase inédita combinação interior bem-sucedida entre Neves e Kökçü, que encontrou Aursnes ao segundo poste. Pouco depois, ao urdir uma combinação magnífica com Kökçü que concluiu com uma definição superlativ­a na sequência de uma diagonal. Um golo que valeria o 2x2, mas que seria invalidado, por fora-de-jogo de Tengstedt, por indicação do VAR Fábio Melo.

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