Cinco erros a não repetir
O futebol é, por definição, uma indústria de emoções fortes. Por essa razão, torna-se particularmente difícil gerir (e reagir) com a cabeça, e não com o coração. Apesar da “noite desastrosa” do Benfica no Dragão, nem tudo estava ganho há cinco dias, nem tudo está agora perdido. Contudo, é imperativo que o Benfica pare de repetir os mesmos erros, aguardando resultados diferentes, numa postura que roça a insanidade.
1) Há largos meses fui dos primeiros a sugerir
ao presidente a necessidade de reavaliar a permanência do treinador. Menos de 48 horas depois, Rui Costa pediu união e confiança aos adeptos, conselho que segui e seguirei até ao final da época. Não obstante, parece existir um consenso em torno do equívoco que foi a renovação prematura de Roger Schmidt. Será sempre pior pagar a indemnização de um contrato desnecessário do que ver um treinador partir por vontade própria.
2) Embora o mais importante seja ganhar,
sucessivas exibições insatisfatórias exigem reflexão – e não alienar os sócios e iniciar conflitos com a comunicação social. Algumas vitórias de Pirro apenas demonstraram que a tática nunca se pode sobrepor à estratégia, nem o resultadismo à convicção.
3) Em caso de derrota devem ser os capitães
a dar a cara na flash interview. Não se compreende que presidente, treinador e estrutura transmitam mensagens divergentes: quem apela à união dos adeptos tem a obrigação de demonstrar essa coesão internamente.
4)Oprojetodesportivodo Benficanãopode
estar dependente do treinador A ou B, nem do jogador X ou Y. O Benfica tem de manter um modelo consistente, assente sobre um equilíbrio entre atletas da formação e reforços cirúrgicos.
5) Rotação não significa invenção.
O Benfica tem o melhor plantel de Portugal e deve rodar a equipa para evitar o desgaste físico. É, no entanto, necessário que os jogadores compreendam o modelo de jogo implementado e que a cada jogo não estejam a tentar uma estratégia diferente.
PARECE EXISTIR UM CONSENSO DO EQUÍVOCO QUE FOI A
Em 1986 o Benfica perdeu por 7-1 com o Sporting.
Alguns meses mais tarde, veio-se a sagrar Campeão Nacional. Tal como em 1986/87, uma derrota embaraçosa não tem de ser o fim da época. Se o plantel estiver à altura da massa associativa que o acompanhou no Dragão, ainda tudo é possível. É nos momentos adversos que vemos a fibra dos verdadeiros campeões.