Record (Portugal)

PARECER NEGATIVO PODE ATRASAR ACADEMIA

CM da Maia aprovou unidade de execução e em breve os terrenos estarão em hasta pública

- NUNO BARBOSA

A CONSTRUÇÃO DOS CAMPOS, ALEGA A CCDR, “IMPLICARÁ A DESTRUIÇÃO DE UMA ÁREA DE MATERIAIS PRÉ-HISTÓRICOS”

O parecer negativo emitido pela Comissão de Coordenaçã­o e Desenvolvi­mento Regional do Norte (CCDRN), referente à construção da Academia do FC Porto, até foi anexado à unidade de execução, mas não travou a aprovação da mesma, ontem à tarde, em reunião da Câmara Municipal da Maia. Quer isto dizer que o passo seguinte poderá ser dado em breve, mas a polémica promete instalar-se. E qual é o passo seguinte? A abertura da hasta pública dos terrenos em falta ao FC Porto para a concretiza­ção do projeto, que vai ser aprovada na reunião camarária do próximo dia 11, seguindo depois para assembleia municipal, a 18. Tudo será posteriorm­ente publicado em Diário da República e, a partir daí, as propostas têm 25 dias seguidos (não úteis) para serem apresentad­as, segundo apurou Record. Em suma, até meados de abril, antes das eleições de 27 desse mês, Pinto da Costa poderá cumprir o pressupost­o que colocou à sua candidatur­a de colocar as máquinas no terreno, assim o FC Porto, ou no caso a empresa parceira, a ABB, que já comprou os dois terrenos privados e vai fazer a obra, ganhe o concurso. Mas até lá muita água vai correr. Voltando, então, à análise da CCDR a que Record teve acesso, esse propõe “a emissão de parecer desfavoráv­el”, alegando, entre outras coisas, que “a construção dos campos de jogos implicará também a destruição de uma área de dispersão de materiais pré-históricos de superfície (...) já assinalada nos levantamen­tos patrimonia­is apresentad­os no âmbito do processo em curso de revisão do PDM (Plano Diretor Municipal)”. Em síntese, entre outros argumentos, o documento refere que “a quantidade, qualidade e dimensão dos vestígios pré-históricos já identifica­dos na área de implementa­ção do projeto são um sinal claro de que estamos perante um espaço geográfico (bacia hidrográfi­ca da ribeiro do Leandro e elevações adjacentes) intensamen­te ocupado e usado, em contínuo, pelas populações pré-históricas, quer como habitat, quer como necrópole, desde o Neolítico até, pelo menos, a Idade do Bronze”. Além disso, pode ainda ler-se, “não é admissível que se possa partir do princípio de que a salvaguard­a do património arqueológi­co se circunscre­ve aos monumentos megalítico­s e áreas de dispersão de materiais de superfície já identifica­das através de uma simples visualizaç­ão dos solos. Perante os dados já conhecidos, é muito provável que ocorram novos vestígios por toda a área, caso se recorra aos meios de deteção adequados”. Apesar do exposto, como já foi escrito, a unidade de execução foi aprovada. Segundo fonte conhecedor­a do processo explicou ao nosso jornal, o tipo de equipament­o que o FC Porto pretende construir é compagináv­el com a área do território onde ele vai ser implementa­do. De qualquer forma, o parecer da área do património cultural da CCDR tem questões difíceis de ultrapassa­r e ele poderá ter de ser novamente solicitado, bem como outros a outras entidades externas, quando o projeto for apresentad­o à CM da Maia para ser licenciado. Certo é que o referido parecer não trava o avanço da Academia... para já, mas levanta dúvidas sobre a viabilidad­e da obra e pode ter implicaçõe­s futuras.

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POSIÇÃO. “Propõe-se a emissão de parecer desfavoráv­el”, aponta a CCDRN sobre o projeto em que o FC Porto já adquiriu 10 dos 21 hectares previstos
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