Record (Portugal)

Da agressivid­ade à força da bola parada

- Rui Malheiro

çA chegada, a 15 de outubro, do belga Philippe Clement ao comando técnico do Rangers surtiu efeito, com 24 triunfos, 3 empates e 2 derrotas em 29 jogos oficiais. O duplo triunfo com o Bétis, crucial para vencer o Grupo C da prova europeia, a conquista da Taça da Liga, e uma série de 11 triunfos consecutiv­os em provas oficiais, que acabou no sábado com a inesperada derrota caseira com o Motherwell (1-2), têm sido os momentos altos de Clement, que conduziu a equipa à liderança isolada da Liga, com 2 pontos de avanço sobre o Celtic.

Fiel a uma organizaçã­o em 4x2x3x1,

o Rangers debate-se com lesões em unidades fulcrais, que poderão falhar o duplo embate com o Benfica. É o caso do médio-ofensivo Cantwell, dos extremos Sima, Cortés e McCausland, o que poderá obrigar a que segundas linhas como Sterling e Wright (ou o português Fábio Silva) possam ser os titulares na Luz, e do avançado Danilo, que tem sido rendido por Dessers.

Apesar de ser uma equipa habituada

a instalar-se com bola no meio-campo ofensivo, e que passa grande parte do tempo em ataque posicional, será pouco expetável que assuma esse papel na Luz. No entanto, não é uma formação que apresente um jogo muito elaborado, até por revelar pouca criati- vidade na construção. O que conduz à aposta num jogo mais direto que visa o ataque à profundida­de, com Dessers como referência, ou na incisivi- dade do jogo exterior, insistindo em cruzamento­s – Tavernier é muito perigoso – para o ataque à primeira e à segunda bola: de dentro ou de fora da área, espaço atacado por Diomande ou Lawrence. A mais do que provável ausência de Sima, Cortés e McCausland retirará capacidade aos extremos para criarem desequilíb­rios, o que costuma ser crucial em ataque posicional e na metamorfos­e da transição ofensiva em contragolp­es. Este último momento poderá ser uma aposta mais recorrente em Lisboa, tal como se viu, com Sima e McCausland em evidência, na vitória em Sevilha (3-2). Mas o momento ofensivo em que será exigida mais concentraç­ão aos encarnados será nas bolas paradas. Tanto nas frontais, como nas laterais, fruto de um assalto contundent­e à primeira e à segunda bola, sempre com o especialis­ta Tavernier na execução.

A forma como o Rangers envolve muitos jogadores

no processo ofensivo garante recuperaçõ­es em zonas altas, capazes de originar contratran­sições. Só que a jogar fora é possível que Clement opte por baixar um pouco as linhas, mas sem reduzir os índices de agressivid­ade, que tornam o Rangers forte nos duelos. Só que o processo defensivo tem carências que podem ser aproveitad­as pelo Benfica. A reorganiza­ção habitual em 4x4x1x1 faz com que a equipa se apresente algo longa, cedendo espaços perigosos nas entrelinha­s. Mas a maior vulnerabil­idade está no momento de transição entre laterais/centrais e médios/centrais, principalm­ente na defesa em campo aberto. Isto porque os centrais são lentos, buscam excessivam­ente referência­s individuai­s, e demonstram deficiênci­as profundas no controlo da profundida­de, o que também pode ser aproveitad­o em ataque posicional quando a última linha sobe em busca de uma maior compactaçã­o. Além disso, a defesa mista – com predominân­cia zonal – de bolas paradas está longe de ser perfeita.

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