Uns cansados outros quebrados
O DISCURSO DE AMORIM A ANUNCIAR A FADIGA DA EQUIPA, QUANDO SE AVIZINHA A FASE MAIS EXIGENTE DA ÉPOCA, SERÁ UMA BOA ESTRATÉGIA? NÃO PARECE O MÉTODO MAIS EFICAZ
Se dúvidas havia sobre as prioridades deste Sporting de Rúben Amorim, o jogo de ontem tratou de as desfazer: no topo da hierarquia está, naturalmente, o título de campeão; e qualquer tentativa de eliminação do Benfica da Taça de Portugal prevalece sobre uma Liga Europa que o Sporting poderia tentar arrebatar.
Com um misto de titulares e suplentes, o Sporting foi dominado pela Atalanta. E não se tratou de uma quebra física na última meia hora, os italianos dominaram durante todo o jogo. A posse de bola do Sporting foi muito pouco ofensiva. Quando os remates da Atalanta começaram a esbarrar nos ferros, foi possível desejar um daqueles golpes de sorte inexplicáveis, tão comuns no futebol. Os italianos acertam no poste, talvez o Sporting possa ganhar por um a zero. Mas um passe desastrado de Eduardo Quaresma e uma tardia reação de Israel ditaram um destino menos brilhante.
Já aqui foi escrito, o melhor de Quaresma – a sua qualida- de técnica na condução da bola, a agressividade imponderada nos duelos, a visão de passe vertical, o engodo pela área adversária – não é poten- ciado pela posição de central, função que, ao contrário, sublinha os seus principais defeitos – as momentâneas des- concentrações aquando de um passe fácil, o deficiente posicionamento defensivo. Rúben Amorim tem em Quaresma um puro-sangue de corridas longas (como Matheus Nunes) mas teima em amarrá-lo a trotes de charrete.
O discurso de Amorim a anunciar a fadiga da equipa, quando se avizinha a fase mais exigente da época, será uma boa estratégia? Não parece o método mais eficaz. Cabe aos jogadores e equipa técnica encontrarem antídoto mental para a menor frescura física. Assumir um cansaço coletivo desresponsabiliza os jogadores da exigível e necessária superação e tenderá a galvanizar os adversários.
No Dragão, Schmidt cometeu vários erros. O mais grave foi a colocação de Morato a marcar o mais atómico driblador português do momento. De Francisco Conceição para Morato vão 32 centímetros de altura. Francisco domina a bola, arranca e muda de velocidade, ainda Morato está a procurar reequilibrar o corpo. Um erro crasso de Schmidt, acompanhado da falta de povoamento do centro do terreno, onde João Mário e Neves se perdiam no meio da asfixiante pressão contrária.
O Benfica parece quebrado pela falta de confiança entre os jogadores e o treinador. Veremos como reage a equipa hoje.
SE DÚVIDAS HAVIA SOBRE AS PROPRIDADES DESTE SPORTING, ESTE JOGO TRATOU DE AS DESFAZER