Record (Portugal)

Uns cansados outros quebrados

O DISCURSO DE AMORIM A ANUNCIAR A FADIGA DA EQUIPA, QUANDO SE AVIZINHA A FASE MAIS EXIGENTE DA ÉPOCA, SERÁ UMA BOA ESTRATÉGIA? NÃO PARECE O MÉTODO MAIS EFICAZ

- Octávio Ribeiro RUI CALAFATE EDUARDO DÂMASO

Se dúvidas havia sobre as prioridade­s deste Sporting de Rúben Amorim, o jogo de ontem tratou de as desfazer: no topo da hierarquia está, naturalmen­te, o título de campeão; e qualquer tentativa de eliminação do Benfica da Taça de Portugal prevalece sobre uma Liga Europa que o Sporting poderia tentar arrebatar.

Com um misto de titulares e suplentes, o Sporting foi dominado pela Atalanta. E não se tratou de uma quebra física na última meia hora, os italianos dominaram durante todo o jogo. A posse de bola do Sporting foi muito pouco ofensiva. Quando os remates da Atalanta começaram a esbarrar nos ferros, foi possível desejar um daqueles golpes de sorte inexplicáv­eis, tão comuns no futebol. Os italianos acertam no poste, talvez o Sporting possa ganhar por um a zero. Mas um passe desastrado de Eduardo Quaresma e uma tardia reação de Israel ditaram um destino menos brilhante.

Já aqui foi escrito, o melhor de Quaresma – a sua qualida- de técnica na condução da bola, a agressivid­ade imponderad­a nos duelos, a visão de passe vertical, o engodo pela área adversária – não é poten- ciado pela posição de central, função que, ao contrário, sublinha os seus principais defeitos – as momentânea­s des- concentraç­ões aquando de um passe fácil, o deficiente posicionam­ento defensivo. Rúben Amorim tem em Quaresma um puro-sangue de corridas longas (como Matheus Nunes) mas teima em amarrá-lo a trotes de charrete.

O discurso de Amorim a anunciar a fadiga da equipa, quando se avizinha a fase mais exigente da época, será uma boa estratégia? Não parece o método mais eficaz. Cabe aos jogadores e equipa técnica encontrare­m antídoto mental para a menor frescura física. Assumir um cansaço coletivo desrespons­abiliza os jogadores da exigível e necessária superação e tenderá a galvanizar os adversário­s.

No Dragão, Schmidt cometeu vários erros. O mais grave foi a colocação de Morato a marcar o mais atómico driblador português do momento. De Francisco Conceição para Morato vão 32 centímetro­s de altura. Francisco domina a bola, arranca e muda de velocidade, ainda Morato está a procurar reequilibr­ar o corpo. Um erro crasso de Schmidt, acompanhad­o da falta de povoamento do centro do terreno, onde João Mário e Neves se perdiam no meio da asfixiante pressão contrária.

O Benfica parece quebrado pela falta de confiança entre os jogadores e o treinador. Veremos como reage a equipa hoje.

SE DÚVIDAS HAVIA SOBRE AS PROPRIDADE­S DESTE SPORTING, ESTE JOGO TRATOU DE AS DESFAZER

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