Onze contra onze
“Espero acabar o jogo com onze”. Esta foi a frase que marcou decisivamente a antevisão de Sérgio Conceição na véspera do Porto x Benfica, deixando recados para dentro e para fora.
Conceição tinha razões de
sobra para colocar esta preocupação em cima da mesa. Nos dois jogos que havia realizado esta época contra o Benfica e Sporting para o campeonato, em nenhum deles acabou com onze jogadores em campo.
À 7.ª jornada, na deslocação à Luz, o Porto ficou privado de Fábio Cardoso a partir dos 19 minutos, numa expulsão quanto a mim injusta. A equipa perdeu por 1-0.
Na 14.ª jornada, quando o Porto visitou o Sporting, teve idêntica sina, desta feita com Pepe, ao ser justamente expulso aos 51 minutos. O Porto perdeu este desafio por 2-0.
Nestes dois jogos, e apesar de ter estado em inferioridade numérica durante largos minutos no jogo, o Porto nunca desistiu, ameaçou as balizas adversárias e não sofreu qualquer goleada.
A convicção de Conceição era tal, que se o Porto tivesse terminado estes jogos com onze jogadores o resultado seria seguramente diferente. Faltava prová-lo.
No jogo do passado domingo, tudo isto foi confirmado em campo. Em igualdade numérica, o Porto foi de tal forma esmagador que aos 55 minutos já se encontrava a vencer por 3-0. Após a expulsão de Otamendi, o Porto, sem acelerar, dilatou a vantagem acenando com os cinco dedos para os da Luz.
A pressão alta com que entrou, o controlo do jogo e da bola e a largura que empreendeu esvaziaram por completo o balão do Benfica na primeira meia hora.
Schmidt voltou a ser
Schmidt, regressando às suas experiências da praxe, colocando à mercê de Francisco Conceição, João Mário e Pepê, uma presa fácil de seu nome Morato. Os três jogadores, ao verem tal guardião, colocaram o babete e deglutiram o lado canhoto da defesa como se de um Happy Meal se tratasse. Conceição preparou este jogo como ninguém e os jogadores entregaram-se de alma e coração a tudo o que o treinador lhes pediu.
A pergunta que deixo à equipa, depois de ver mais uma exibição que devia ficar guardada para sempre nos livros e que orgulha todo o universo portista, é a de como é que se perderam sete pontos em fevereiro contra o Rio Ave, Gil Vicente e Arouca?