Record (Portugal)

“Vamos lutar para sair daqui como heróis”

Sem receber há três meses, Ricardo Nunes dá voz a um grupo que recusa desistir

- JOSÉ MIGUEL MACHADO

Vivem-se tempos muito conturbado­s no Varzim. Com três meses de salários em atraso, uma comissão administra­tiva dependente de burocracia­s para agir e uma nuvem de incerteza quanto ao futuro deste histórico do futebol português. Enquanto isso, dentro de campo, há um grupo de jogadores que luta por um regresso aos campeonato­s profission­ais, capitanead­o por Ricardo Nunes, um filho da terra e que tem sido, por estes dias, guarda-redes, psicólogo, amigo e, sobretudo, líder. “Temos casos aqui em situação muito, muito difícil. O meu papel, como capitão, é mais o de gerir psicologic­amente o balneário, tentar acalmar as coisas e tentar que os meus colegas,

“O MEU PAPEL, ENQUANTO CAPITÃO, É GERIR O BALNEÁRIO E TENTAR QUE DEIXEM OS PROBLEMAS À PORTA”, DISSE

quando entrem dentro desta instituiçã­o, consigam deixar os problemas à porta para continuarm­os a trabalhar com o máximo profission­alismo”, referiu Ricardo Nunes, de 41 anos, a Record, garantindo que desistir é algo que não está no ADN do plantel varzinista: “Temos muito mais a ganhar do que a perder. Vamos continuar a ser dignos, a honrar o símbolo, sabendo que depois vamos para casa e existem problemas, às vezes de não ter dinheiro para sustentar as nossas famílias. Tínhamos dois caminhos: o de desistir e o de continuar a lutar. Optámos sempre por não fazer greves, por nunca parar. Vamos lutar para sair daqui como heróis.”

A verdade é que o tal feito heróico não está assim tão distante. O Varzim conseguiu o apuramento para a fase de subida e, agora, uma boa série de vitórias pode colocar a equipa de Vítor Paneira na luta pelo regresso aos campeonato­s profission­ais. “Já que temos de estar aqui e temos, já que nos compromete­mos a ser profission­ais, porque não conseguirm­os atingir os nossos objetivos e subir? Podemos fazer algo muito bonito, que as gentes da Póvoa jamais vão esquecer”, atirou o guarda-redes, apelando ao brio de cada um dos colegas para que esta luta possa terminar com um final feliz: “A maior parte dos jogadores tem o intuito de chegar a outros patamares e só fazendo coisas boas aqui isso será possível. A nossa realidade mexe, mas o espírito de luta nunca vai abandonar este grupo.” *

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PILAR. Guarda-redes é a figura maior do grupo e tem sido determinan­te para ajudar a lidar com esta fase conturbada

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