Record (Portugal)

Estabilida­de

ROGER SCHMIDT TEM EM ENORME COMPLEXO DE PEQUENÊS, INÚMERAS VEZES ATORDOADO SEM SABER O QUE FAZER COMO UM NÁUFRAGO QUE NADA TEM A QUE SE AGARRAR

- Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o

Em fim-de-semana eleitoral e no qual apelo a que todos os leitores cumpram o seu dever cívico de ir votar, se perguntass­em aos sócios do Benfica, escaldados com o baile e o saco cheio com cinco bolas do Dragão, o que pretendiam mesmo, estou certo que seria a mudança rápida de Roger Schmidt. Mas tal como na política, o futebol é muito volátil e tem memória curta. Bastando um outro resultado positivo para que serenem as coisas e se ultrapasse a tormenta.

O problema é que Roger Schmidt está obrigado a ganhar a Liga, seguir em frente na Liga Europa (escrevo antes do jogo com o Rangers) e aprender a não complicar quando dispõe de um plantel milionário e de categoria. Apesar

de começar a ser uma evidência que os jogadores não estão alinhados totalmente com o alemão. E quando os tripulante­s de um navio não confiam cegamente no seu comandante, é meio caminho andado para o desnorte e uma revolta na Bounty.

Sabe o povo que o vento não consegue derrubar uma árvore com raízes fortes. Só que a Luz já cortou as raízes com o treinador, o capital de

crédito a Roger Schmidt esfu- mou-se, a partir do momento em que os resultados não são esmagadore­s (e deviam), a sua comunicaçã­o é uma tragédia ridícula e, como aponto há longo tempo, o alemão continua sem compreende­r a grandeza do Benfica. Relativiza­ndo e branqueand­o opções, exibições e desaires como se nada se passasse e tudo fosse normal, algo que os benfiquist­as não perdoam.

Roger Schmidt tem um enorme complexo de pequenês, inúmeras vezes atordoado, de mãos nos bolsos, no banco sem saber o que fazer como um náufrago que nada tem a que se agarrar. Rui Costa bem pode pedir desculpas (ficam-lhe bem), a questão é que – se não tiver títulos – não tem espaço de manobra para justificar o prolongame­nto do contrato com o técnico, que o ata completame­nte, pela brutal indemnizaç­ão que lhe teria de pagar para o despedir como a grande maioria dos encarnados já exige.

Enquanto no rival ao lado,

nesta altura do campeonato, mora a estabilida­de. Equipa ao lado do treinador, bancada unida no apoio aos jogadores, plantel curto de menor investimen­to (um pouco cansado como se nota) mas em que cada peça por mais humilde que seja está a carburar no máximo. Qualquer tropeção do Benfica é reforço da soldadura das aspirações leoninas. O Sporting só depende de si, mas com a ajuda de um alemão perdido no seu labirinto de equívocos é ainda mais forte.

COM O ALEMÃO PERDIDO NO SEU LABIRINTO DE EQUÍVOCOS O SPORTING É AINDA MAIS FORTE

* Texto escrito com a antiga ortografia

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