Alemães? Nein, danke!
Lembro uma quinta-feira, 25 de novembro de 1999, em Vigo. Balaídos cheio para ver o poderoso Benfica, mas, afinal, o que viu foi um arrasador Celta que venceu por 7-0. No final, junto ao balneário, a confusão instalou-se. O presidente, Vale e Azevedo, completamente fora de si, no mínimo, queria despedir toda a gente, desde técnicos a jogadores. Deitava fumo pelas orelhas e, em vez de ouvir as vozes dos poucos que aconselhavam calma, só ouvia quem exigia sangue.
O mais bravo era um dos colaboradores no seu escritório que não parava de sugerir medidas exemplares, como se o comportamento do seu patrão fosse exemplar para com os profissionais do clube. E, nisso, era coadjuvado por um importante assessor que, mais tarde, se confirmou sportinguista assumido. Foi uma noite trágica e só não se tornou ainda pior porque ninguém deu a cara a uma imprensa também ela sedenta de sangue.
No dia seguinte, já na Luz, surpreendentemente, alguém – responsável pela ligação da equipa aos media, conhecido pelos famosos nós de gravata e, mais tarde, pela condenação por lenocídio – convocou uma CI . O capitão João Pinto foi obrigado a ler um comunicado vergonhoso, pedindo desculpa aos adeptos. Nota esta que, segundo sei, foi redigida pelo então secretário técnico a pedido de outro dos importante assessores de Vale e Azevedo, figura com conhecimentos de futebol tão profundos que questionava “por que razão, sendo Preud’homme o melhor guarda-redes a jogar em Portugal, não era convocado para a Seleção!!!”.
Não me estranha que tenha sido o jovem João Neves a dar a cara no Dragão, já que os craques se recusaram a enfrentar a CS. E também não me estranha que, em ambos os casos, os treinadores do Benfica fossem alemães.