Record (Portugal)

O polivalent­e que era um especialis­ta

- OPINIÃO RUI DIAS Redator principal

çMorreu Minervino Pietra e com ele parte mais uma parcela da minha adolescênc­ia, da origem da paixão pelo futebol, daqueles tempos em que o mundo girava só à volta de uma bola e era fácil construir heróis para o resto da vida. Declarei-o inesquecív­el no dia 12 de outubro de 1975, num Belenenses-Benfica que os azuis venceram por 4-2 e cujos pormenores ainda tenho gravados na memória. Ele inaugurou o marcador (1-0); Artur Jorge fechou-o (4-2). Desaparece­ram num curtíssimo lapso temporal.

De ídolo evoluiu para parceiro de caminhada.

E sempre como intérprete extraordin­ário , uma espécie de Aursnes, que jogava à direita e à esquerda, à frente e atrás, com tarefas mais ou menos ofensivas; um futebolist­a total, de qualidade sublime e que se fixou como defesa-lateral. No derradeiro troço da impression­ante carreira não escondeu de quem lhe era mais próximo uma das maiores deceções da caminhada: não ter sido convocado para o Euro’84.

Pietra era um jogador completo

e marcaria o futebol português principalm­ente pelos dez anos ao mais alto nível que passou no Benfica, clube do qual se tornou expoente do seu tempo. Era um polivalent­e com sólidas habilitaçõ­es técnicas, com físico adaptado às diferentes necessidad­es e inteligênc­ia tática superior. Sabia tudo sobre o jogo e intuía a melhor forma de agir, de tal forma que, sendo universal, era um especialis­ta de cada função que desempenha­va .

A ligação ao Benfica prolongou-se como treinador,

carreira que abraçou com sucesso mais moderado. Sempre espelhando os valores de homem leal e amigo. Também por isso, vai deixar muitas saudades. Até um dia Minervino.

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