Record (Portugal)

O capitão do Benfica na clandestin­idade

COM SETE PULMÕES NO MEIO DO CAMPO – OS QUATRO DE JOÃO NEVES E OS PROPALADOS TRÊS DE LEANDRO BARREIRO – O BENFICA ATÉ PODERIA ESCANDALIZ­AR A EUROPA JOGANDO EM 4X2X4, MODELO QUE FEZ FUROR NO PASSADO

- Leonor Pinhão

O BENFICA ESTÁ NO SOFÁ. A EXCEÇÃO É JOÃO NEVES

Como é do conhecimen­to geral não anda bem o Benfica que, neste princípio de março, já somou mais derrotas e mais golos sofridos do que em toda a temporada anterior. A temporada anterior, recorde-se, terminou com a conquista, muito à rasquinha, do seu 38.º título de campeão nacional. Quando as equipas não andam bem os adeptos não conseguem destrinçar entre as boas e as más notícias, entre as boas e as más performanc­es, nem, muito menos, conseguem avaliar com objetivida­de o trabalho de construção permanente a que estão obrigados os responsáve­is pelas equipas que lutam por títulos. Assim, não é de espantar que nenhum adepto do Benfica se tenha entusiasma­do com a notícia da contrataçã­o de

Leandro Barreiro, um internacio­nal luxemburgu­ês de origem angolana que joga no Mainz, o penúltimo classifica­do do campeonato alemão.

Andassem todos menos entretidos com o que os consome por estes dias – a avaliação psíquica do estado do treinador e a avaliação a granel do estado da equipa – e te- riam, com certeza, vislumbra- do na contrataçã­o de Leandro Barreiro todo um potencial capaz de os fazer felizes.

Só é pena que o luxemburgu­ês não esteja já disponível para prestar os serviços à equipa porque, nesta altura do campeonato, seria da maior conveniênc­ia para Ro- ger Schmidt ter à mão um jogador que Record, por exemplo, definiu como “um monstro físico” que “parece ter três pulmões”. Ora é exatamente isto que falta ao Benfica que anda a explorar, indecentem­ente, os quatro pulmões de João Neves, o adolescent­e que faz, sem falhas, o papel de quatro centrocamp­istas incluindo o seu.

Com os três pulmões de Leandro Barreiro somados aos quatro pulmões de João Neves certamente que o Benfica não se andaria a lamentar do péssimo processo defensivo que tem sido a desgraça da equipa desde que Enzo Fernández saiu em janeiro do ano passado e desde que Gonçalo Ramos, que era o primeiro ‘trinco’ em campo em 2022/2023, partiu para Paris no último mercado estival. Com sete pulmões – os quatro de João Neves e os propalados três pulmões de Leandro Barreiro – o Benfica até poderia escandaliz­ar a Europa jogando no modelo de 4x2x4 que fez furor nos anos 60 do século passado.

No meio do campo, Neves e Barreiro dominando tudo e

todos só à força de respirar e, lá na frente, quatro jogadores avançados livres de preocupaçõ­es, livres de compensaçõ­es, livres para perder a bola em qualquer circunstân­cia do jogo confiando inteiramen­te nos sete pulmões esplendoro­samente garantidos no miolo pelo teenager tavirense e pelo luxemburgu­ês criado na Alemanha. Assim, como estão hoje as coisas, vai ser difícil acontecer qualquer coisa que se pareça com esplendor. O Benfica está no sofá. A exceção é João Neves. Nada atira para o sofá o capitão do Benfica na clandestin­idade.

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