Posição de neutralidade entre Évora e Pichardo
Desportivamente, Tiago Pereira sabe que, mesmo com bons resultados, tem vivido na sombra das conquistas de Nélson Évora e Pedro Pichardo, dois dos expoentes máximos do triplo salto mundial nos últimos anos. Ambos, aliás, foram campeões olímpicos em representação de Portugal. Mas virar a cara à luta nunca foi solução para algém que se assume como “muito competitivo”. No atletismo e não só.
“É verdade, mas isso também tem aspetos positivos, pois passei a ter uma motivação extra, procurar chegar aos registos deles. Sempre me habituei a trabalhar com o intuito de derrotar o Nélson, mas depois chegou o Pichardo e a solução passou a ser trabalhar para tentar ser o melhor do Mundo. Só podia ser assim. Fiquei sem mais opções. Tenho consciência de que poderia ser mais reconhecido se tivesse outra nacionalidade qualquer, pois possuo marcas que me colocam como um dos melhores do mundo, mas isso já não me deixa triste, apenas me fez ver que tinha de trabalhar ainda mais para tentar chegar a esses patamares de excelência”, resume.
“Foi também por isso que fui para Espanha, para treinar com um grupo de elite liderado pelo Ivan Pedroso – está sempre a dizer que tenho de saltar 17 metros de forma regular –, uma referência para todos nesta disciplina. Precisava de ser desafiado, só assim poderia evoluir. E isto sem desprimor para o João Ganço, grande treinador e que tem conseguido ajudar vários atletas a ter resultados de qualidade”, acrescenta.
E como se posiciona Tiago perante o diferendo público entre os dois campeões olímpicos portugueses? “Sou neutro! Falo com o Nélson e falo com o Pichardo. Mau ambiente na Seleção por causa disso? Nunca senti nada. Há problemas em todas as instituições, em todas as empresas. Acontece que neste caso estamos a falar de dois campeões olímpicos, duas figuras, e a questão tornou-se pública”, diz, desvalorizando o ‘duelo’.