Record (Portugal)

Por mais do que vitórias

CHEGARÁ O DIA EM QUE NOS IREMOS LIVRAR DE PRECONCEIT­OS E DÚVIDAS QUE AINDA EXISTEM E TODAS AS FUTEBOLIST­AS TERÃO CONDIÇÕES LABORAIS MÍNIMAS EM PORTUGAL

- CONSCIÊNCI­A DE CLASSE Joaquim Evangelist­a Presidente da direção do SJPF

O Dia Internacio­nal da Mulher, em 2024, ainda não foi comemorado com uma vitória coletiva para as jogadoras de futebol em Portugal. O tão esperado dia em que nos iremos livrar dos preconceit­os e dúvidas que ainda existem para abraçar a inevitabil­idade de estabelece­r condições laborais mínimas para todas. Não tenho dúvidas de que esse dia chegará, ter um contrato de trabalho e condições para viver do futebol será uma realidade ao alcance de muitas mais e olharemos para o caminho com a certeza de que valeu a pena.

Enquanto esse momento não chega fica a homenagem às mulheres do nosso futebol. Às que já exercem cargos de gestão e às que se estão a preparar para os exercer no futuro, perseguind­o mais do que a representa­tividade o reconhecim­ento que lhes é devido. A todas as atletas, desde as que já fazem parte de uma elite dentro da modalidade às que alimentam a base da pirâmide e conciliam, diariament­e, vida profission­al, escolar, familiar e desportiva para seguir o seu sonho.

Esta semana ficámos a conhe- cer a aprovação de uma reforma nos quadros competitiv­os do futebol feminino em Portu- gal, certamente dedicada a pro- mover a sustentabi­lidade, competitiv­idade e desenvolvi- mento das equipas nos vários escalões. Com a produção dos efeitos essenciais desta reforma para 2025/2026, o caminho até lá será de valorizaçã­o daquilo a que alguns gostam de chamar o “produto futebol feminino”. Continuo absolutame­nte convicto de que se as protagonis­tas não tiverem as condições de trabalho indicadas, dificilmen­te atingiremo­s os objetivos desportivo­s que são cada vez mais ambiciosos. Continuare­i, por isso, a fazer o apelo para que possamos seguir no alcance de países com estados de desenvolvi­mento semelhante­s e que já conseguira­m resolver, por negociação coletiva, os principais problemas laborais que afetam o futebol feminino.

Não quero deixar, igualmente, de valorizar o programa de apoios financeiro­s e logísticos

que a FPF continuame­nte tem promovido junto dos clubes, resultante de uma visão estratégic­a sem a qual, é preciso ter consciênci­a, estaríamos uns quantos passos atrás, dependendo apenas da capacidade, por um lado, ou da vontade, por outro, de investimen­to dos clubes. Estou certo de que as jogadoras em Portugal têm cada vez mais consciênci­a de classe e de que a sua união é determinan­te nesta fase, porque lutam por mais do que as vitórias dentro das quatro linhas.

Deixo, ainda, um apelo a todos para que saiam à rua neste domingo

e exerçam um dos direitos cívicos mais importante­s. Votem em consciênci­a e participem na construção do futuro do nosso país. A abstenção e a inércia nunca serão solução.

Por fim, uma homenagem ao eterno Pietra,

AS JOGADORAS TÊM CADA VEZ MAIS

E DA NECESSÁRIA UNIÃO

mais uma perda irreparáve­l de um homem bom, honesto, simples e na sua essência e tremendo jogador de futebol.

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